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domingo, 27 de julho de 2008

A Eficácia do Trabalho Pedagógico

Quando olhamos para nossa experiência de alunos em sala de aula, um bom curso é aquele que nos empolga nos surpreende, nos faz pensar, nos envolve ativamente, traz contribuições significativas e nos põe em contato com pessoas, experiências e idéias interessantes. Às vezes um curso promete muito, tem tudo para dar certo e nada acontece. Em contraposição, outro que parecia servir só para preencher uma lacuna, se torna decisivo. Um bom curso depende de um conjunto de fatores previsíveis e de uma "química", uma forma de juntar os ingredientes que faz a diferença.No fundamental, um bom curso presencial ou a distância, possuem os mesmos ingredientes:Um bom curso, presencial ou a distância, depende, em primeiro lugar, de termos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos. O grande educador atrai não só pelas suas idéias, mas pelo contato pessoal. Há sempre algo surpreendente, diferente no que diz, nas relações que estabelece na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. Um bom curso depende também dos alunos. Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador.Um bom curso depende também de termos administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apóiem os professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação.Um bom curso depende, finalmente, de ambientes ricos de aprendizagem, de ter uma boa infra-estrutura física: salas, tecnologias, bibliotecas... A aprendizagem não se faz só na sala de aula, mas nos inúmeros espaços de encontro, de pesquisa e produção que as grandes instituições propiciam aos seus professores e alunos. Um bom curso depende muito da possibilidade de uma boa interação entre os seus participantes, do estabelecimento de vínculos, de fomentar ações de intercâmbio. Quanto mais interação, mais horas de atendimento são necessárias. Uma interação efetiva precisa de ter monitores capacitados, com um número equilibrado de alunos. Em educação a distância não se pode só "passar" uma aula pela TV ou disponibilizá-la num site na Internet e dar alguns exercícios. Um bom curso de educação a distância procura ter um planejamento bem elaborado, mas sem rigidez excessiva. Permite menos improvisações do que uma aula presencial, mas também deve evitar a execução totalmente hermética, sem possibilidade de mudanças, sem prever a interação dos alunos. Precisamos aprender a equilibrar o planejamento e a flexibilidade (que está ligada ao conceito de liberdade, de criatividade). Nem planejamento fechado, nem criatividade desorganizada, que vira só improvisação.Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado, se conseguirmos transformar o curso em uma comunidade viva de investigação, com atividades de pesquisa e de comunicação.Com a flexibilidade procuramos adaptar-nos às diferenças individuais, respeitar os diversos ritmos de aprendizagem, integrar as diferenças locais e os contextos culturais. Com a organização, buscamos gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecemos os parâmetros fundamentais. Um bom curso a distância não valoriza só os ou indireto. Mas vale a pena. Só assim podemos avançar de verdade.Quando olhamos para nossa experiência de alunos em sala de aula, um bom curso é aquele que nos empolga, nos surpreende, nos faz pensar, nos envolve ativamente, traz contribuições significativas e nos põe em contato com pessoas, experiências e idéias interessantes. Às vezes um curso promete muito, tem tudo para dar certo e nada acontece. Em contraposição, outro que parecia servir só para preencher uma lacuna, se torna decisivo. Um bom curso depende de um conjunto de fatores previsíveis e de uma "química", uma forma de juntar os ingredientes que faz a diferença.No fundamental, um bom curso presencial ou a distância, possuem os mesmos ingredientes:Um bom curso, presencial ou a distância, depende, em primeiro lugar, de termos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos. O grande educador atrai não só pelas suas idéias, mas pelo contato pessoal. Há sempre algo surpreendente, diferente no que diz nas relações que estabelece na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. Um bom curso depende também dos alunos. Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador. Um bom curso depende também de termos administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apóiem os professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação. Um bom curso depende, finalmente, de ambientes ricos de aprendizagem, de ter uma boa infra-estrutura física: salas, tecnologias, bibliotecas... A aprendizagem não se faz só na sala de aula, mas nos inúmeros espaços de encontro, de pesquisa e produção que as grandes instituições propiciam aos seus professores e alunos. Um bom curso depende muito da possibilidade de uma boa interação entre os seus participantes, do estabelecimento de vínculos, de fomentar ações de intercâmbio. Quanto mais interação, mais horas de atendimento são necessárias. Uma interação efetiva precisa de ter monitores capacitados, com um número equilibrado de alunos. Em educação a distância não se pode só "passar" uma aula pela TV ou disponibilizá-la num site na Internet e dar alguns exercícios. Um bom curso de educação a distância procura ter um planejamento bem elaborado, mas sem rigidez excessiva. Permite menos improvisações do que uma aula presencial, mas também deve evitar a execução totalmente hermética, sem possibilidade de mudanças, sem prever a interação dos alunos. Precisamos aprender a equilibrar o planejamento e a flexibilidade (que está ligada ao conceito de liberdade, de criatividade). Nem planejamento fechado, nem criatividade desorganizada, que vira só improvisação.Temos cursos prontos, com instruções precisas para o aluno, baseados em materiais on-line, em casa, animações, pequenos vídeos e atividades que o aluno realiza durante um período determinado e que envia os resultados das atividades a um centro que as corrige, normalmente, de forma automática e atribui um conceito que permite o avanço do aluno para uma nova etapa. A grande vantagem destes cursos é a flexibilidade de tempo. O aluno pode começar e terminar dentro do seu próprio ritmo. O curso pode acontecer a qualquer momento. Não precisa reunir uma turma específica, com determinado número de alunos. Isso facilita para a instituição e para o aluno. Muitos de nossos cursos utilizam só materiais textuais disponibilizados na Internet. Outros acrescentam apresentações em PowerPoint, trechos de vídeos, gravações em áudio, um design para a Internet mais leve, de fácil navegação e com formatos hipertextuais e multimídia. Esses cursos precisam de um aluno maduro, auto-suficiente e auto-motivado. Normalmente dão mais certo com profissionais que já estão atuando no mercado e que querem evoluir na carreira ou que são pressionados para atualização constante. Outros cursos combinam uma proposta fechada, pronta com alguns momentos de interação. O aluno tem a sua disposição um tutor ou um orientador on-line, para dúvidas por e-mail ou em alguns horários determinados. São cursos prontos, focados no conteúdo, com algum apoio para tirar dúvidas, para encaminhamento de trabalhos, mas fundamentalmente são direcionados para os alunos individualmente. Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado, se conseguirmos transformar o curso em uma comunidade viva de investigação, com atividades de pesquisa e de comunicação. Com a flexibilidade procuramos adaptar-nos às diferenças individuais, respeitar os diversos ritmos de aprendizagem, integrar as diferenças locais e os contextos culturais. Com a organização, buscamos gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecemos os parâmetros fundamentais. Um bom curso a distância não valoriza só os ou indireto. Mas vale a pena. Só assim podemos avançar de verdade. Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado, se conseguirmos transformar o curso em uma comunidade viva de investigação, com atividades de pesquisa e de comunicação. Com a flexibilidade procuramos adaptar-nos às diferenças individuais, respeitar os diversos ritmos de aprendizagem, integrar as diferenças locais e os contextos culturais. Com a organização, buscamos gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecemos os parâmetros fundamentais. Um bom curso a distância não valoriza só os ou indireto. Mas vale a pena. Só assim podemos avançar de verdade.

MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 3 edição, Campinas: Papirus, 2001.
www.eca.usp.br/prof/moran/textosead.htm

** Texto publicado com permissão do professor José Manuel Moran - Professor da Universidade Bandeirante e das Faculdades Sumaré-SP e assessor do Ministério de Educação para avaliação de cursos a distância

Evolução da Educação a Distância

Introdução
Nos séculos passados, muitas pessoas foram literalmente queimadas por serem informadas e disseminarem seus conhecimentos. Atualmente, a falta de conhecimento pode excluir socialmente o homem. Vivemos na chamada era do conhecimento e existe a necessidade de formação permanente. Apesar desta nova postura cultural, onde quem não se atualiza dificilmente encontrará um lugar ao sol, é um despropósito imaginar que, em pleno Século XXI, alguns, por falta de oportunidade, ainda fiquem excluídos. Muitos são os fatores que dificultam este processo e, entre tantos, encontramos: restrição de tempo, dificuldade de deslocamento e carência de cursos de formação em algumas regiões do país.
A Educação a Distância é uma das estratégias utilizadas para preencher esta lacuna e com a tecnologia atual, a interação entre professor e aluno pode ser feita, inclusive, em tempo real, mesmo que estejam geograficamente distantes. Considerar que esses programas podem dispensar a mediação e o trabalho do professor é um engano, pois, segundo Authier (1998), os professores são produtores ao elaborarem as propostas de cursos; conselheiros ao acompanharem os alunos; parceiros, ao construírem, junto com os especialistas em tecnologia, abordagens inovadoras de aprendizagens. Novos tempos, novas tecnologias e nova cultura com a presença de educadores.
Expressões como chat, messenger, teleconferência, correio eletrônico ou e-mail fazem parte do cotidiano. Educadores e educandos devem saber usufruir destas facilidades tecnológicas.
Hoje em dia, as crianças manuseiam meios eletrônicos apresentando grande disposição para o uso das tecnologias, mas muitos educadores são de outra geração. Apesar de a tecnologia estar disponível para uma boa parte da população, somente uma parcela de pessoas sabe tirar proveito do que ela proporciona. Em um ambiente de alta tecnologia não se pode usar a mesma didática que se aplica em sala de aula com quadro negro e giz. O professor tem que apresentar uma postura pedagógica diferente e o aluno não pode ser mais um elemento passivo.
A Educação é uma atividade que envolve aquele que ensina (professor ou educador), a quem se ensina (aluno ou educando) e o que se ensina (conteúdo) e estes componentes não mudam na educação presencial, semipresencial ou a distância. A mudança está na maneira como o conteúdo será passado, recebido e trabalhado. Métodos e técnicas de comunicação disponíveis permitem que a Educação a Distância chegue a muitos estudantes.
As inúmeras mudanças e inovações, que a introdução da tecnologia proporciona à Educação, têm gerado questionamentos, entre eles: quais são as competências e habilidades necessárias para que o educador exerça o papel de formar, informar e ajudar na construção dos conhecimentos transmitidos a distância? Perrenoud (2000) afirma que inserir tecnologia no ambiente educacional vai muito além de saber usar o computador. A implantação tecnológica deve colaborar para a formação do julgamento, do senso crítico, do pensamento hipotético e dedutivo. Nessa perspectiva ela irá contribuir para as faculdades de observação e de pesquisa estimulando a capacidade de memorização e classificação da leitura e da análise de imagens e textos.
Este trabalho enfoca as habilidades necessárias ao professor e apresenta as possibilidades que algumas ferramentas oferecem para proporcionar o contato a distância. Sem a pretensão de esgotar o assunto, aponta sugestões para políticas públicas e institucionais que venham a contribuir para a melhoria da Educação a Distância.
Para a elaboração deste trabalho utilizou-se pesquisa bibliográfica que na orientações de Dihehl; Tatim (2004) é desenvolvida, principalmente, a partir de livros e artigos científicos já elaborados. Empregou-se, também, a investigação exploratória, pois o tema Educação a Distância possui “pouco conhecimento acumulado e sistematizado” (VERGARA, 1988. p. 45). Os autores atuam na área e por meio da observação participante foi possível a “participação real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada” (GIL, 1999, p. 113).
Desenvolvimento
O Decreto n.º 5.622, de 19 de dezembro de 2005, define a Educação a Distância como a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Nesta mesma linha Lobo Neto (1988) argumenta que, na impossibilidade de ocorrer o encontro presencial entre o educador e o educando, a comunicação é promovida por meios capazes de suprir a distância que os separa fisicamente. Enfatiza que não é verdade que a educação a distância seja uma educação distante, em que o aluno esteja isolado. A interação se mantém por meio dos recursos tecnológicos que a organização responsável pelo curso coloca à disposição do aluno para que ele tenha o suporte necessário para seu aprendizado.
Nas definições de Educação a Distância encontra-se que é um processo contínuo e organizado proporcionando a flexibilidade de espaço e tempo e que utiliza recursos tecnológicos. Alguns autores afirmam ser mais adequada para a educação de adultos, pois a autonomia do educando deve ser bem maior que no ensino presencial. Nas definições encontramos um consenso, mas o mesmo não pode ser dito em relação às nomenclaturas utilizadas para definir as pessoas envolvidas no processo da transmissão dos conteúdos na Educação a Distância.
Em Gonzalez (2005) encontramos que o Coordenador de Aprendiz é o professor com amplos conhecimentos nas disciplinas, podendo ou não ser o autor do curso coordenando o processo de aprendizagem; o Professor-Tutor é o mediador do curso cabendo-lhe responder as dúvidas apresentadas pelos estudantes estimulando-os a participar dos chats e discussões além de avaliar a participação de cada um. Já o Orientador de Ambiente é o especialista em tecnologia para que possa orientar os estudantes a utilizarem os recursos oferecidos pelo curso. Partindo de sua experiência, Maia (2002) diferencia professor-autor do professor-tutor, referindo-se ao primeiro como o responsável pelo planejamento e produção de materiais de aprendizagem e, ao segundo, pela aplicação dos conteúdos aos alunos. A divisão entre professor e tutor é mais institucional do que pedagógica (MAGGIO, 2001). Independente da terminologia utilizada, Arredondo (2003) observa que o importante são as tarefas executadas em torno do aluno. Para este autor o professor-tutor, em relação ao aluno, é professor, quando ensina e explica a matéria; Tutor, quando ajuda, tutela e atende às necessidades e carências durante o desenvolvimento de sua aprendizagem; Assessor, quando aconselha e sugere soluções diante das dificuldades que pode encontrar; Orientador, quando guia e indica o que mais convém em cada circunstância; Facilitador, quando esclarece dúvidas e facilita os conteúdos de aprendizagem.
O que se observa é a complexidade que envolve o profissional responsável pelo aprendizado do aluno e acredita-se ser mais importante a sua atitude do que a forma como é denominado.
Evolução da Educação a Distância
A primeira geração da Educação a Distância contava com os textos impressos enviados por correio. No Século XVIII, precisamente em 1728, o professor de taquigrafia Caleb Philipps colocou um anúncio na Gazeta de Boston (Massachussets, Estados Unidos) oferecendo cursos com material enviado semanalmente para quaisquer pessoas que viviam longe de Boston.
A segunda geração iniciou no Século XX em meados dos anos 60 utilizando, além da correspondência impressa, meios auditivos e visuais. Programas de ensino transmitidos pelo rádio ou pela televisão chegavam a vários locais. A comunicação entre professor e aluno era efetuada mediante material impresso e encaminhado por correspondência postal. No entanto, Gutierrez; Pietro (1994) apresenta que transmitir conteúdos via rádio, material impresso ou através de vídeos não é fazer Educação a Distância. Para estes autores a explicação lógica é que os chamados ‘modelos de comunicação’ dessa época sempre privilegiavam a fonte ou emissora que selecionava as mensagens a serem transmitidas. Vale lembrar que o Brasil se encontrava sob o regime militar e a censura era bem ampla.
A terceira geração da Educação a Distância conhecida como “educação on-line” teve um grande salto com a ampliação e abertura da internet. Isso começou a partir dos anos 90 do Século XX.
Observa-se que as duas primeiras gerações estavam engessadas em um processo de mínima ou de quase nenhuma interação instantânea entre o educando e o educador. Na terceira geração o termo distância passa a ser irrelevante, pois o intercâmbio entre aluno e professor depende, não mais do local onde se está, mas da tecnologia utilizada.
Seguindo as informações de Prates; Loyolla (2000) apresentaremos, de maneira resumida, três correntes pedagógicas: o Comportamentalismo se depara com o professor ensinando de forma repetitiva os fatos/fenômenos sem a preocupação de explicar suas causa/origens; o Cognitivismo é uma abordagem pedagógica em que o professor ensina descrevendo os fatos/fenômenos com a preocupação de explicar suas causas/origens, porém, ainda dentro de uma situação de aceitação passiva por parte dos alunos diante do professor detentor do saber; o Construtivismo é uma abordagem pedagógica diferenciada das duas anteriores, pois nela não é o professor que ensina, mas sim o aluno que aprende. Esta abordagem baseia-se numa ação tutorial do professor que, ao invés de ensinar, induz o aluno a aprender a aprender mediante a busca orientada do conhecimento que necessita.
Para estes autores a abordagem pedagógica recomendada para a Educação a Distância é o construtivismo uma vez que o foco é orientado ao aluno/aprendiz cabendo ao professor a tarefa de estimular o uso da pesquisa como elemento para aquisição de conhecimento. Desta forma desempenhando a função de mediador nesse processo.
Na Educação a Distância a postura, tanto de professores como alunos, deve ser repensada. Não se trata apenas de mudar a maneira de ensinar ou aprender. Se o professor está acostumado a ser o centro das atenções e o aluno a ser espectador, com certeza, educação a distância não lhes é recomendada a menos que revejam suas atitudes.
Como em qualquer área, a educação passa por constante processo de mudanças. Lévy (1996) nos alerta que os conhecimentos têm um ciclo de renovação cada vez mais curto e Pedrosa (2003, p. 68) reforça que não se pode “[...] delimitar o final de uma época de aprendizagem e o início de um trabalho”. Infelizmente, sabe-se que alguns professores, ao receberem a formação inicial, esquecem que este é apenas o início do caminho de sua carreira. Tendo em vista a velocidade das mudanças atuais, ser qualificado atualmente significa “ser capaz de uma prática profissional equipada e atualizada – desafio que poucos conseguem assumir e vencer [...]” (MARTINS, 2003, p. 1555).
De um lado, temos professores que estão mais habituados ao modelo convencional e muitos alegam que não conseguiriam ficar sem interagir diretamente com os alunos. Talvez esses professores estejam desatualizados em informação tecnológica. Do outro lado temos os alunos que, muitos deles, acomodaram-se em desempenhar um papel de passividade. Habituados a receber os conteúdos prontos, limitam-se ao que lhes é apresentado. O hábito de fazer pesquisas é pouco utilizado. Arredondo (2003) argumenta que haverá uma melhor garantia de êxito e futuro quando existir uma preparação mais adequada, tanto nos aspectos didáticos e organizacionais como em tecnologia, de todas as pessoas com alguma responsabilidade direta no desenvolvimento da Educação a Distância. Para este autor o investimento em recursos humanos é prioritário sendo necessárias: formação, preparação e capacitação para o desempenho de suas incumbências, evitando assim, improvisações e aplicações inadequadas na Educação a Distância.
Sob o ponto de vista teórico, Belloni (1999) aponta que na Educação a Distância a formação de professores deve organizar-se de forma que atenda a atualização em três áreas: pedagógica, didática e tecnológica. A dimensão pedagógica inclui, além das atividades de orientação, aconselhamento e tutoria, conhecimento dos processos de aprendizagem dentro da Psicologia, das ciências cognitivas e das ciências humanas para que possa ajudar no desenvolvimento de capacidades relacionadas com a pesquisa e a aprendizagem. A área didática envolve a formação específica e media a relação do homem com o conhecimento em determinado campo do saber com a necessidade de constante atualização. Por fim a tecnológica, que inclui a utilização adequada dos instrumentos tecnológicos disponíveis para a produção de materiais pedagógicos. Professores que possuam estas habilidades conseguirão desempenhar melhor seu papel evitando os improvisos.
Arredondo (2003) faz uma interessante observação ao dizer que o professor que atua na Educação a Distância coloca seu ponto de mira em um aluno invisível. Sabendo que o aluno existe em algum lugar o converte no epicentro da ação didática. Percebe-se que a Educação a Distância não é igual à educação presencial e deve ser moldada à sua realidade. Não se trata de substituir a sala de aula por um computador, televisão ou vídeo. Trata-se de uma reorganização estrutural que envolve: grade curricular, conteúdo programático, acompanhamento, avaliação, formas de ensinar e aprender e, principalmente, formação e capacitação do professor que irá atuar nesta modalidade de ensino.
O que deve ser pensado é que a tecnologia, apesar de estar disponível tanto no meio rural quanto urbano, possui limitações e possibilidades e para isso é imperativo uma nova atitude do professor. Belloni (1999, p.104) argumenta que as tecnologias podem contribuir para a Educação a Distância, desde que utilizadas de maneira adequada caso contrário forneceriam somente “revestimento moderno a um ensino antigo e inadequado”. Sendo assim, a tecnologia deve ser usada como um meio e não como um fim. O aluno estará motivado a dar continuidade ao seu aprendizado quando se sentir pertencendo ao grupo e pela maneira como o professor irá auxiliá-lo na construção de seu conhecimento. Este fato nos coloca que o papel do professor, ou tutor, além de fundamental é crucial para o sucesso e motivação dos alunos distantes (RODRIGUES, 2005).
O professor deve estimular o aluno a buscar o conhecimento, usar a criatividade, instigar a sua reflexão. Deve se colocar como articulador no processo de ensino orientando, esclarecendo dúvidas e identificando dificuldades sempre numa perspectiva de acompanhamento, onde o aluno é o construtor de sua aprendizagem. Esta perspectiva pressupõe capacitação específica onde o professor é mediador do processo de ensinar a aprender atuando diante de um novo tipo de estudante que deverá ser mais autônomo. Martins (2003) reforça esse pensamento pontuando a necessidade de uma mudança de perspectiva que enfatize o estudante como ser ativo rompendo com a visão que o professor ensina e o aluno aprende.
Diante desses argumentos nota-se que a postura, tanto do educador quanto do educando, deve ser cuidadosamente observada e, se necessário, repensada para que a Educação a Distância alcance seus objetivos.
Dominando Ferramentas
Acredita-se que um dos motivos da literatura carecer de estudos de experiências de formação do professor para que atue na Educação a Distância é porque a atividade docente, da teoria para a prática, não é automática. Existem situações, e isto qualquer professor tem consciência, que a teoria ajuda, mas não é suficiente. Seria uma visão reducionista e tecnicista demais. Não podemos pensar que a formação do professor pode ser feita por listas de procedimentos, mas é imprescindível que o educador conheça e saiba utilizar algumas ferramentas que estão disponíveis.
Muito já foi investido em hardware, conectividade e software especializados para Educação a Distância. Atualmente é fundamental investir em peopleware, isto é, investimento em recursos humanos onde professores e alunos sintam-se capazes de ensinar e aprender para que se possa desenvolver Educação a Distância de qualidade.
Na tentativa de desmistificar as ferramentas que podem ser utilizadas na Educação a Distância, será feita uma abordagem que não pretende ensinar como utilizá-las, mas mostrar quais as possibilidades que elas oferecem.
O material impresso, mesmo com as mais modernas tecnologias, continua importante. Como o próprio nome diz, trata-se de qualquer material que seja impresso e disponibilizado para que os alunos estudem. Este material deve estar associado a um serviço de apoio que dará ao aluno o suporte necessário para sanar suas dúvidas e buscar orientações.
O serviço de apoio pode ser feito de várias maneiras e entre elas está o correio eletrônico ou e-mail. O processo é simples e funciona como um endereçamento postal comum. Para utilizá-lo é necessário ter acesso à internet e a um provedor. É bastante confiável, pois só poderá ler as mensagens quem tiver a senha de acesso. O usuário dispõe de uma caixa postal eletrônica exclusiva na qual são armazenadas as mensagens recebidas e enviadas. Dentro da Educação a Distância é comum encontrar serviços internos de correio eletrônico, usados exclusivamente na esfera da instituição que oferece o curso.
Outra ferramenta é a lista de discussão. Possibilita que um grupo, unido por interesses semelhantes, comunique-se usando o correio eletrônico. O remetente envia uma única mensagem para determinado grupo de pessoas que a recebem individualmente. Desta maneira não se faz necessário enviar várias mensagens iguais. Basta uma direcionada ao grupo.
O fórum é muito parecido com a lista de discussão, pois possibilita o uso de mensagens de texto e anexar arquivos. Apesar dessas semelhanças as mensagens não são enviadas diretamente para o e-mail. Ficam armazenadas e os interessados devem buscá-las diretamente no grupo. Dentro de um fórum é possível arquivar pastas que separem os assuntos pelo interesse. Desta forma quando a pessoa quiser pesquisar sobre determinado assunto basta entrar na página do grupo e ir diretamente à pasta de seu interesse.
Existem algumas ferramentas bem semelhantes. Basicamente o que as diferencia é o aparelho utilizado, a capacidade de armazenamento e o custo da reprodução do material.
Os recursos da Internet permitem que se transmitam programas de rádio e televisão. São chamados de Rádio e TV Web. Para a melhoria da recepção é necessário que se utilize tecnologia streaming para que a informação chegue ao usuário sem atraso ou com o efeito de “congelamento”.
As ferramentas apresentadas até aqui são assíncronas, ou seja, aquelas onde a comunicação não é feita simultaneamente. Com as tecnologias disponíveis as possibilidades se ampliam cada vez mais fazendo com que as comunicações aconteçam em tempo real, assim denominadas comunicação síncrona.
Há pouco tempo os chamados chat ou bate-papo realizados por meio de computador eram apenas comunicação escrita. Atualmente é possível, também, ver, ouvir e falar com pessoas que estejam em qualquer lugar do mundo. Os mais populares são MSN, também conhecido por Messenger, IRC (Internet Relay Chat) e ICQ (I seek you). Promovem conversas interativas entre duas ou mais pessoas simultaneamente e possibilitam a transferência de arquivos. Normalmente nestes espaços as conversas, principalmente escritas, possuem informalidade total. Devido a essa informalidade alguns “dialetos” aparecem como: “naum vo sair agora (não vou sair agora)” “aki ta + trankilo (Aqui está mais tranqüilo)”. É um ambiente descontraído, mas muito útil para a Educação a Distância. É uma excelente ferramenta para quebrar o gelo entre professor e educando.
Por meio da Internet Phone ou Webphone ou Spky é possível à transmissão de voz pela Internet. A qualidade da transmissão depende da velocidade da conexão. Um software especial, um microfone e uma placa de som, praticamente, substituem o telefone convencional. Outras ferramentas são: a videoconferência que permite aos usuários a comunicação por meio de áudio e vídeo; a teleconferência normalmente utilizada para grupos maiores de pessoas e com isso evita-se o deslocamento reduzindo os custos com transporte; a teleconferência interativa que permite maior interatividade entre o professor e os estudantes.
O whiteboard é um compartilhamento de documento via Internet. É possível, mesmo que os usuários estejam geograficamente distantes, realizar trabalho cooperativo. O documento é exibido e editado na tela do computador. A inclusão de um texto ou gráfico por um dos participantes é propagada imediatamente para os demais participantes.
As possibilidades existentes são inúmeras e a cada momento aparecem novidades que nos fazem imaginar que estamos no futuro. Ao retroceder um pouco no tempo não é difícil lembrar que muitos de nós ficávamos tontos com o cheiro das lições de casa impressas em mimeógrafo a álcool, mas pelo menos não precisávamos fazer como nossos ancestrais que eram obrigados a copiar tudo do quadro negro. Nossos filhos, mesmo no ensino convencional, podem receber as lições por e-mail ou CD, já que ao chegar em casa basta abrir o arquivo, digitar as respostas e enviar ao professor.
Mesmo diante de tantas possibilidades continua cabendo ao professor a arte de seduzir seus alunos. Como mediador entre o saber e o aluno o professor da Educação a Distância deve conscientizar-se que ele é a ponte que faz essa união e, portanto, passa a ser a segurança para essa travessia.
Conclusão
As mudanças oportunizaram a passagem rápida do quadro negro para o mundo virtual e muitos não tiveram a oportunidade, e ainda não têm, de explorar todas as possibilidades tecnológicas. Atualmente conta-se com várias opções para organizar as aulas e torná-las cada vez mais interessantes, mas é fundamental que cada um encontre as ferramentas adequadas para que o processo ensino/aprendizagem, realizado a distância, consiga diminuir a distância que separa aluno e professor.
Na Educação a Distância cada aula depende de vários fatores como o número de alunos, as tecnologias disponíveis, o apoio da instituição e dentro desta realidade o professor deve encontrar o ponto de equilíbrio para que seus objetivos sejam alcançados. Conhecer os interesses, facilidades e dificuldades dos alunos facilitarão sua ação e com a utilização das ferramentas disponíveis a interação poderá ser plenamente praticada. Alegar que a Educação a Distância não proporciona contato entre os envolvidos é coisa do passado. Como foi visto, existe a possibilidade de interagir em tempo real com qualquer pessoa que esteja em qualquer lugar do mundo. Contato a distância é possível, mas para isso se faz necessária a mudança do paradigma que Educação a Distância é o mesmo que a distância da educação.
Não basta modernizar sem mexer na essência. Só é possível mudar quando as novas possibilidades de interagir forem aceitas, mesmo que virtualmente, de maneira inovadora e se propiciarem o aprender a aprender. Desta maneira será possível aprender a ensinar. As tendências apontam para uma educação ao longo da vida integrada aos locais de trabalho e às necessidades individuais. A Educação a Distância oferece a oportunidade de preencher esta lacuna, mas não se pode perder de vista os ideais humanistas de formação do cidadão crítico e criativo, capaz de pensar e de mudar o mundo (BELLONI, 1999).
A atitude de alunos e professores deve ser moldada para que a Educação a Distância seja efetuada. É imprescindível que as instituições que formam os educadores comecem a observar os novos caminhos da educação, pois a Educação a Distância veio para ficar e os novos pedagogos devem estar preparados para trabalharem neste ambiente. Ao inserir, nos currículos de formação de pedagogos, disciplinas que tratem da Educação a Distância evitar-se-á que esta seja liderada por profissionais que pouco entendem de educação, mas por serem detentores de conhecimentos tecnológicos estão à frente desta modalidade.
Grande parte dos coordenadores e professores de cursos a distância são da área de exatas, segundo Bello (2002), porque muitas vezes os educadores ignoram do que se trata e desconhecem o potencial tecnológico. Sendo assim, abrem mão do controle pedagógico desta nova prática e isto pode trazer uma deformidade relativa à filosofia da educação. Enviar apostilas e fazer teste de conhecimento ao final de cada módulo não é fazer educação. Existe a possibilidade de uma pedagogia dialogal e democrática mesmo em ambiente virtual.
Tendo em vista a obrigação tecnológica para que o aluno participe da Educação a Distância, fica explícita a necessidade da inclusão digital. Desta forma é necessário que existam políticas públicas para que todos os interessados tenham oportunidades iguais. Estas políticas podem ser efetuadas mediante facilidades em financiamentos para adquirir equipamentos ou até mesmo na disponibilização destes em locais de livre acesso. Que a Educação a Distância seja mais uma chance que ofereça equidade nas oportunidades, pois ela já é peça importante para se chegar mais rápido às necessidades do amanhã.

domingo, 20 de julho de 2008

Educação em Questão


Espaço reservado para publicação de artigos relacionados à educação.