Pesquisar neste blog ●๋•

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

Trabalho apresentado ao curso de Pós-Graduação em Tutoria em Educação a Distância para conclusão do módulo “Fundamentos da Educação a Distância” da professora coordenadora Rosana Mascarenhas.

1. INTRODUÇÃO
Nesta UTA estudamos assuntos como, definições de educação à distância, modelos educacionais, tecnologias e aplicações; organização do trabalho pedagógico e o processo de ensino e aprendizagem envolvendo as dimensões da prática pedagógica – docência, conhecimento e tutoria, aprendizagem – relação professor x tutor x material didático e avaliação; funções e aplicações das políticas, regulamentações e avaliação institucional na EAD. Em função disto, o tema a ser trabalhado na Produção do Conhecimento é “A Educação Superior a Distância” e, após troca de idéias, o grupo analisa que a educação on-line no Brasil começa a despertar o interesse das Instituições Superiores de Ensino e conquistar os alunos. Sua interferência pode ser notada por todas as dimensões e níveis de ensino. Existe uma série de fatores que devem ser levados em conta na hora de decidir pela mudança no paradigma educacional. O planejamento baseado na situação real é de grande importância para uma adaptação curricular significativa.
Este PC tem como objetivo principal comentar a situação atual de conhecimento no que diz respeito ao conceito de Educação a Distância, no intuito de identificar a real possibilidade de implantação de uma “nova” forma de ensino. A educação superior a distância vive um período de grandes mudanças. O avanço da internet está facilitando o acesso a cursos on-line, de graduação e pós-graduação, principalmente de especialização. A LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), em especial nos seus artigos 80 e 87, reconhece a educação à distância e a partir de aí se intensificam os cursos nos vários níveis.

2. DESENVOLVIMENTO
2.1. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:

Quase 310 mil alunos fazem curso à distância no país, ou seja, sem a presença física na sala de aula. Na graduação e na pós-graduação, dobrou o número de estudantes matriculados nessa modalidade nos últimos anos, conforme pesquisa efetuada pelo IPAE - Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação. Esses são alguns dados do primeiro levantamento amplo de educação não-presencial no país. A pesquisa é a primeira a contabilizar números desse tipo de ensino em âmbito federal, estadual e municipal.
Até então, eram conhecidos apenas dados sobre graduação e pós-graduação (nível federal), tabulados pelo Ministério da Educação (MEC). Segundo a pesquisa, são 309.957 alunos matriculados em instituições credenciadas oficialmente a ministrar cursos a distância em que são emitidos certificados ou diplomas válidos no sistema nacional. Estima-se que, consideradas as modalidades que não necessitam de autorização, o número chegue a 1,1 milhão. As principais modalidades oferecidas são pós-graduação, graduação, educação de jovens e adultos (antigo supletivo) e técnico. O MEC autoriza e regula os dois primeiros; as secretarias são responsáveis pelos demais.
Como a graduação e a pós-graduação à distância já possuíam levantamentos anteriores, feitos pelo MEC, é possível fazer um comparativo do setor: em 2003, havia 76.769 alunos matriculados nessas modalidades; no ano seguinte, o número saltou para 159.366. Tal crescimento faz com sejam necessárias políticas mais eficientes de controle, afirmam especialistas da área.
Segundo pesquisadores e alunos, as vantagens do ensino a distância são a economia de tempo, a facilidade de acesso ao material e a possibilidade de interação entre alunos, em salas de Chat que oferecidas nos cursos via internet. Por outro lado, entre os pontos negativos, estão a dificuldade de se informar sobre a idoneidade da instituição e a necessidade de uma disciplina maior, já que não há um horário fixo de aula. Para o primeiro problema, o presidente do grupo de trabalho de educação a distância da USP, Carlos Alberto Dantas, recomenda que o estudante verifique no órgão competente se a instituição está credenciada a oferecer o curso.
Para o segundo, varia para cada estudante, dizem especialistas. "Tenho a preocupação de tentar entrar (no sistema) todo o dia", conta a professora Sandra Xavier, 46, que faz pós-graduação a distância em educação do Senac. O anuário foi feito em parceria entre a Abed e o Instituto Monitor, primeira empresa a oferecer ensino a distância no país. Nos primeiros três meses deste ano, foram consultadas todas as instituições credenciadas no MEC e nos conselhos estaduais e municipais de Educação.
2.2 LEGISLAÇÃO
A Educação a Distância é a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Essa definição está presente no Decreto 5.622, de 19.12.2005 (que revoga o Decreto 2.494/98), que regulamenta o Art. 80 da Lei 9394/96 (LDB). O Decreto n. 2.494/98 veio regulamentar o artigo 80 da LDB, definindo a compreensão Oficial do que é EAD, da oferta, do credenciamento, da autorização dos exames. A portaria n. 301/98 normatiza os procedimentos de credenciamento para a oferta de cursos de graduação e educação profissional tecnológica a distancia. O art. 80 da Lei estabelece que a União incentive o desenvolvimento de programas de Ensino a Distancia, em todos os níveis e modalidades de ensino e regulamentará os requisitos básicos necessários para a realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos a distancia. A Portaria 302 de 07/4/98 altera a redação e traz uma complementação do processo de avaliação das instituições de ensino superior a distancia. O Decreto 2561 de 24/04/98 altera a redação dos artigos 11 e 12 do Decreto 2494 de 10/2/98. A Portaria MEC 641 de 13/05/99 dispõe sobre autorização de oferta de novos cursos e contém normas que a modalidade a distancia deve obedecer. A Portaria 2.253 de 10/10/2001 autoriza a oferta de disciplinas não presenciais em cursos presenciais até 20%.
2.3. TECNOLOGIAS
Seus meios principais são: unidades de curso concebidas sob a forma de programas interativos informatizados, redes telemáticas (bancos de dados, e-mail, lista de discussão e sites), CD-ROMs didáticos, de divulgação científica e de cultura geral. As novas tecnologias de informação e comunicação, caracterizadas como midiáticas, são, portanto, mais do que simples suportes.
2.4. PAPEL DO PROFESSOR
O docente precisa antes de tudo conhecer e se apropriar dos planos de ensino e projetos pedagógicos da instituição que irá atuar. Diante disso, ele precisa se questionar e se planejar quanto a algumas questões: Que ação desenvolver, para que?, Que recursos disponho?, Qual a realidade do meu aluno?, Que significado o conteúdo terá na vida do meu aluno? Qual a metodologia mais adequada para este público?
"A competência do professor é, pois, dupla: investir na concepção e, portanto, na antecipação, no ajuste das situações-problema ao nível e às possibilidades dos alunos; manifesta-se também ao vivo, em tempo real, para guiar uma improvisação didática e ações de regulação. A forma de liderança e as competências requeridas não se comparam àquelas que exigem a condução de uma lição planejada, até mesmo interativa", segundo MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda.
Na tentativa de ampliar a participação do aluno e não colocá-lo como simples expectador do conteúdo, o professor em um ambiente a distância, possui recurso de uma plataforma que lhe dá informação sobre quase todo o percurso que este desenvolveu pelo conteúdo afora. Fica mais simples de encontrar as lacunas no seu planejamento, mas isto também amplia o alcance e a responsabilidade do professor mediador. O professor pode ainda promover participações e discussões em Chats ou fóruns, no intuito de aplicar cases de exemplo, fazendo o aluno questionar e sintetizar suas ações e habilidades perante uma situação-problema.
O papel ainda deste mediador, segundo SOARES, Maria Susana., é relacionar os momentos fortes do conteúdo, assegurar a memória coletiva ou confiá-la a certos alunos, colocar a disposição de outros, fazer buscar por novos materiais complementares requeridos, de acordo com a necessidade individual de cada aula e aluno, e propor experimentos. A motivação aqui pode chegar a níveis interessantes, o que proporciona autonomia e domínio individual do aluno perante as informações disponíveis.
O diferencial da aprendizagem ativa para EAD localiza-se com certeza no suporte que a tecnologia pode proporcionar ao professor mediador, seja na elaboração e exposição dos conteúdos, seja utilização de ferramentas de acompanhamento, seja na apresentação de material didático complementar, seja ainda na forma rápida e contínua de avaliar.
2.4.1. PAPEL DO ALUNO
Na EAD o estudante precisa ser um sujeito autônomo e que busque sua auto-aprendizagem. Sendo um sujeito ativo que construa seu conhecimento com auxílio do professor, atrelado ao uso das tecnologias, modificando assim suas próprias percepções.
2.4.2. PAPEL DO TUTOR
A tecnologia sozinha não resolve os problemas educacionais e sociais, podendo gerar um abismo ainda maior na sociedade. Mais uma vez, fica aparente a importância da "presença" de um Educador Virtual, que acompanhe este processo de auto-aprendizagem e "cuide" de seus aprendizes. Daí o termo utilizado para o professor de Educação a Distância: TUTOR.
Apesar de representar um avanço ao modelo do auto-estudo, ainda há muito o que se refletir sobre o tema. Muitas vezes, o tutor exerce um papel de "animador", ou seja, mantém contato com os alunos incentivando-os a continuarem seus estudos. Para obter resultados, há a necessidade do domínio do conteúdo pelo educador virtual e também o uso de estratégias pedagógicas que tornem o aprendizado significativo.
Além disso, o tutor garante o alcance dos objetivos propostos e cria uma parceria com o aluno para contribuir no processo de construção do pensamento em rede e mediar as interações. Promover o diálogo, o debate e desafios que despertem atitudes críticas e reflexivas também são atribuições deste educador.
Com isso, se faz cada vez mais urgente a necessidade de repensar e estabelecer novas metodologias e práticas de formação dos profissionais de educação, visando prepará-los para as constantes mudanças do mundo contemporâneo e desenvolver competências e habilidades exigidas para atuar neste novo papel de "Educador Virtual". Fica claro a necessidade de uma reflexão da função do tutor na sociedade e na formação de novos profissionais deste mercado cada vez mais competitivo.
2.5. PRINCÍPIOS DA EAD
Segundo Maria Lúcia Cavalli, alguns princípios da EAD são: aprendizagem auto-dirigida, disponibilidade de meios e materiais, programação da aprendizagem e interatividade entre estudantes e agentes de ensino.
Desta forma, Cavalli também supõe que um determinado curso de ensino superior pode ser dividido em um número significativo de partes ou módulos, cada um tendo direito de existir separadamente, sem perder relevância científica e utilidade didática.

3. CONCLUSÃO
A EAD, como uma modalidade de organização e desenvolvimento de currículo educacional, não deve ser reduzida, portanto, apenas a questões metodológicas ou a possibilidades de uso de novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC). Deve ser vista sempre como parte de um projeto político que vincule a educação com a luta por uma vida pública, na qual o diálogo, a tolerância e o respeito à diferença estejam atentos aos direitos e condições que organizam a vida pública como uma forma social justa e democrática. Um espaço de educação deve pressupor a construção de uma prática que possibilite aos sujeitos da ação educativa compreender criticamente a realidade social em que se inserem, com vistas a uma participação ativa nessa realidade. Isso indica uma compreensão de educação como um sistema aberto, não só voltado para a transmissão de informações e transferência de conhecimentos, que implica processos transformadores que decorrem da experiência de cada um dos sujeitos da ação educativa. A autonomia do aluno passa a ser um dos ideais da ação educativa. Ele deve ser estimulado a ser ativo no processo de construção do conhecimento, principalmente quando se tem presente que o mundo contemporâneo, em que o conhecimento evolui de forma incontrolável, exige uma educação voltada para a autonomia do aprendiz, o que implica uma metodologia do aprender a aprender. A EAD, enfim, por suas peculiaridades, sobretudo em relação à mediatização das mensagens pedagógicas, coloca-se como uma modalidade em potencial para o desenvolvimento dessa autonomia que se quer do aprendiz.

REFERÊNCIAS
IPAE - Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação.

LDB – Lei de Diretrizes e Base - artigo 80.

MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 3ª Ed. São Paulo. Papirus, 2001.

NEDER, Maria Lucia Cavalli. Avaliação na Educação a Distância: significados para definição de Percursos. In: PRETI, Oreste (org.). Educação a Distância: inícios e indícios de um percurso. Cuiabá: UFMT, 1996.

SOARES, Maria Susana A. A Educação Superior no Brasil. Brasília, CAPES - UNESCO, 2002. Páginas: 251-274.

TUTORIA EaD

O surgimento das novas tecnologias da informação e da comunicação deu um novo impulso à Educação a Distância, fazendo aparecer, através da Internet, formas alternativas de geração e de disseminação do conhecimento. A Educação a Distância, antes centralizada no texto impresso, agora vai cedendo lugar para fontes eletrônicas digitais de informação, trazendo possibilidades quase inesgotáveis para a aprendizagem. Neste novo cenário, os papéis tradicionais do professor, aluno e escola precisam ser compreendidos e investigados para fazer frente às mudanças que se impõem. A Educação a Distância via Internet redefine substancialmente o papel do professor que agora assume posição diferenciada daquela conhecida historicamente. Como elemento central no processo ensino/aprendizagem, portanto, precisa ter sua função, sua prática, seu papel questionado, compreendido, estudado. Realiza-se uma reflexão sobre o professor-tutor no contexto de Educação a Distância online, destacando as principais diferenças entre suas atividades e aquelas atribuídas ao professor convencional. Nesta perspectiva, o presente estudo tem como propósito buscar as influências desse tutor na formação docente. São destacadas as interações realizadas presencialmente nos encontros quinzenais e no acompanhamento da prática pedagógica como à distância. A partir do desenvolvimento dessa pesquisa e das análises teóricas realizadas foram evidenciando questões centrais como EAD, proposta pedagógica, formação de tutor e de professores, interatividade e prática pedagógica que nos revela a importância deste estudo para a educação contemporânea, sobretudo para a formação inicial de professores.
Palavra-chave:
Internet, Educação a Distância, professor-tutor, funções do tutor.

INTRODUÇÃO
Vivemos em uma sociedade conhecida hoje como sociedade de informação; conceito que define bem a existência de fluxos tão complexos de idéias, produtos, dinheiro, pessoas, o que estabeleceu uma nova forma de organização social. O fato é que verificamos claramente as transformações na organização do trabalho, na produção, nos mecanismos de relacionamento social e no acesso à informação.
A implantação de cursos de graduação e pós-graduação na modalidade a distância foi intensificada nos últimos anos, abrindo um leque de possibilidades para o aprofundamento de estudos da modalidade. O incremento no universo de alunos, professores e gestores que trabalham com a educação a distância, atualmente, possibilita a investigação de elementos importantes em relação ao processo de ensino-aprendizagem realizado em EaD.
De maneira geral, os conhecimentos necessários ao tutor não são diferentes dos que precisa ter um bom docente. Este necessita entender a estrutura do assunto que ensina os princípios da sua organização conceitual e os princípios das novas idéias produtoras de conhecimento na área. Sua formação teórica sobre o âmbito pedagógico-didático deverá ser atualizada com a formação na prática dos espaços tutoriais. Para que um curso seja veiculado a distância, mediado pelas novas tecnologias, é preciso contar com uma infra-estrutura organizacional complexa (técnica, pedagógica e administrativa).
O novo papel do professor-tutor precisa ser repensado para que não se reproduzam nos atuais ambientes de educação a distância concepções tradicionais das figuras do professor/aluno. É preciso superar a postura ainda existente do professor transmissor de conhecimentos. Passando, sim, a ser aquele que imprime a direção que leva à apropriação do conhecimento que se dá na interação. Interação entre aluno/aluno e aluno/professor, valorizando-se o trabalho de parceria cognitiva; elaborando-se situações pedagógicas onde as diversas linguagens estejam presentes.
O papel do professor como repassador de informações deu lugar a um agente organizador, dinamizador e orientador da construção do conhecimento do aluno e até da sua auto-aprendizagem. Sua importância é potencializada e sua responsabilidade social aumentada. Sua função não é passar conteúdo, mas orientar a construção do conhecimento pelo aluno. “Exige-se mais do tutor de que de cem professores convencionais” (Sá, 1998:46), pois este necessita ter uma excelente formação acadêmica e pessoal.

DESENVOLVIMENTO
Os cursos de EaD apresentam uma equipe multidisciplinar e os professores assumem papéis diferenciados, que incluem desde a gestão administrativa destes projetos até a atuação como professor virtual, através de teleconferências. Segundo Authier (1998), estes professores “são produtores quando elaboram suas propostas de cursos; conselheiros quando acompanham os alunos, parceiros quando constroem com os especialistas em tecnologia abordagens inovadoras de aprendizagem”. No atual momento, vivemos um hiato característico de um período de transição. Implementamos cursos na modalidade a distância com forte agregado tecnológico, mas não temos ainda professores dos conteúdos específicos das disciplinas em número suficiente com desenvoltura no uso das TIC´s.
O professor responsável por um determinado conteúdo não precisa ser um especialista em tecnologia para operacionalizar propostas inovadoras. Ele precisa ser um usuário pleno das tecnologias para ser capaz de propor formas de interação do seu conteúdo por outras mídias. Um professor que esteja restrito ao entendimento de que a aula só acontece em uma sala tradicional, não conseguirá transpor os conteúdos de sua disciplina para a metodologia a distância com eficácia.
“Nessa perspectiva não resta apenas ao sujeito adquirir conhecimentos operacionais para poder desfrutar das possibilidades interativas com as novas tecnologias. O impacto das novas tecnologias reflete-se de maneira ampliada sobre a própria natureza do que é ciência, do que é conhecimento. Exige uma reflexão profunda sobre as concepções do que é o saber e sobre as formas de ensinar e aprender”. Kenski (2003, p.75).
Esta mudança de atitude precisa estar presente em todos os elementos envolvidos na construção de um curso na modalidade a distância, especificamente nos professores que interagem com o aluno diretamente. Investigar e analisar como se realiza a aprendizagem e quais as ferramentas possíveis de utilização para viabilizá-las é fundamental para quem trabalha com o aluno de EaD. A complexidade nas relações na EaD pode ser exemplificada pela quantidade de pessoal envolvido para ofertar apenas uma disciplina. Entre tutores, autores, revisores, especialistas de EaD, webdesigners, entre outros, a formatação final da disciplina torna-se uma construção coletiva. É provável que o resultado final seja bem diverso do pensamento inicial do professor autor, e esta é apenas mais uma das inúmeras crises que acontecem ao longo do processo. Não existe um consenso sobre qual o melhor caminho para enfrentar os inúmeros obstáculos no desenvolvimento da aprendizagem, principalmente mediado por tecnologias. Lévy (1999) nos fornece algumas pistas nesta direção quando afirma que o uso das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativas provoca uma ampliação e mutação na relação com o saber.
O aluno ao longo do processo de aprendizagem terá contato com professores diferentes em cada disciplina (autor/formador, tutor, especialista em EaD), que estarão orientando o mesmo conteúdo. No caso da EaD o aluno tem, através de diferentes meios e instâncias, contato com diferentes sujeitos que buscam orientar sua aprendizagem, provocando em alguns momentos um verdadeiro duelo de forças sobre qual o melhor caminho para facilitar a aprendizagem.
Observamos que as definições dos diferentes papéis do professor na Educação a Distância podem variar de acordo com a Instituição que desenvolve o projeto. Para analisar a interação dos diferentes papéis do professor nos cursos de graduação a distância, vamos utilizar as categorias propostas pela Secretaria de Educação a Distância (SEED) do Ministério da Educação, que são adotadas pela maioria das universidades públicas que trabalham com EaD.
O tutor é o professor que atende o aluno diretamente no pólo, orientando-o na execução de suas atividades, auxiliando-o na organização do seu tempo e dos seus estudos. Geralmente ele apresenta uma formação generalista vinculada à área do curso e não a uma determinada disciplina. Uma das atribuições do tutor é tirar as dúvidas dos alunos em relação aos conteúdos apresentados, mas precisamos considerar que dependendo da disciplina ou do conteúdo, esta tarefa poderá não ser desempenhada com sucesso. O tutor é a figura mais próxima dos alunos e o relacionamento entre estes dois grupos é sempre estruturado em um grau de afetividade bastante considerável.
Em todos os estudos sobre EaD é consenso a importância do papel da tutoria no sucesso da aprendizagem e na manutenção destes alunos no processo. Em alguns casos, verifica-se que o papel do tutor é mais importante do que o material utilizado ou as plataformas de aprendizagem disponíveis. A questão preponderante aqui é, se o papel do tutor é tão essencial ao processo de EaD e por que razão alguns projetos o colocam em um plano menos importante? Para exercer o papel da tutoria podemos contratar alunos dos cursos de graduação ou professores recém-formados sem experiência como professores?
Quais são os requisitos fundamentais para a função de tutor? Segundo Belloni (2000), algumas capacidades, tais como orientar a aprendizagem, motivar o aluno, conhecer as ferramentas tecnológicas, ser aberto a críticas, entre outras, são essenciais ao bom desempenho de um professor em EaD.
O perfil do tutor de um curso a distância exige algumas características que não estão relacionadas apenas com uma competência objetiva. São aspectos relacionados ao relacionamento interpessoal e a compreensão de educação que cada indivíduo constrói internamente. Não basta apenas um discurso motivador e uma proposta de trabalho enfocando a construção do conhecimento de forma conjunta com o aluno. É fundamental que este professor adquira ou desenvolva habilidades de relacionamento interpessoal que valorize um processo de formação flexível, com abertura para o diálogo e negociação constantes durante a aprendizagem.
Segundo Prado (2006), no contexto de alguns cursos na modalidade a distância, a ênfase é direcionada para um dos elementos do processo de ensino aprendizagem – materiais, atividades e interação, que são tratados isoladamente.
“Neste caso, há geralmente uma supremacia entre eles, por exemplo, quando o foco centra no ensino a mediação pedagógica tende a enfatizar a produção de materiais. Ao contrário deste foco, quando a ênfase é centrada na aprendizagem, a mediação pedagógica privilegia as interações.” (Prado, 2006, p.117)
Ao focar em elementos distintos da aprendizagem (material, ambiente virtual, avaliação, etc.) a função do tutor é deliberadamente esvaziada e esta estratégia pode ser explicada a partir de vários fatores. Podemos observar a preocupação com a formação dos tutores e a ausência de vínculo institucional, a formação em um ambiente tradicional, a existência de vínculos afetivos que poderiam comprometer a integridade do processo de avaliação, entre outros fatores.
Um curso na modalidade a distância que esvazia a função do tutor não estará necessariamente fortalecendo outros papéis na dinâmica da aprendizagem. Pelo contrário, o risco maior é alimentar uma lacuna na construção da aprendizagem, criando obstáculos no processo. Todo curso na modalidade a distância constrói um ferramental poderoso para o desenvolvimento da autonomia e disciplina. O foco não está direcionado apenas para a aquisição do conteúdo, mas também para o desenvolvimento de uma série de habilidades e competências que permeiam a aprendizagem. É justamente esta a razão dos altos índices de evasão de cursos desta natureza, uma vez que a modalidade a distância não é adequada para todos os indivíduos. Ao limitar a ação do tutor no processo de aprendizagem, uma mensagem repleta de ambigüidade é enviada aos alunos: incentivamos e promovemos a autonomia e o crescimento individual dos alunos, mas mantemos uma série de ações que limitam a atuação do tutor apenas ao campo da afetividade e controle. Este processo acaba frustrando ambos, tutor e aluno em diferentes níveis, pois nenhum dos dois é considerado apto a solucionar questões emergenciais no cotidiano da aprendizagem. Um tutor que apenas tira dúvidas e atua como mensageiro dos professores e gestores do curso, não será um parâmetro confiável para o aluno em sua busca por conhecimento e autonomia.
Um tutor, com participação efetiva no processo de avaliação e construção dos conteúdos, torna-se um elemento fundamental para o sucesso de qualquer curso a distância, pois cabe a ele observar e entender como o aluno aprende, criando estratégias de aprendizagem significativas para o aluno. Observamos que diversos autores que refletem sobre a apropriação das novas tecnologias na educação resgatam. É importante ressaltar a propriedade do resgate de conceitos de Vigotsky (1987) com propriedade, principalmente no que se refere aos cursos realizados a distância. Para Alava (2003), o paradigma da aprendizagem contextualizada é adequado à aprendizagem a distância devido aos suportes tecnológicos que permite chegar ao aluno no seu contexto habitual. Além disso, a abordagem sócio-interacionista ressalta o papel de guia desempenhado pelo professor e pelos colegas como facilitadores da aprendizagem. O fato de introduzir uma dimensão de interação social na análise e nos mecanismos pelos quais novas competências podem ser construídas no indivíduo abriu caminho para novas aplicações da tecnologia.
O professor formador acompanha e operacionaliza a disciplina durante o período em que ela está acontecendo. Ele pode ser ou não o autor do material utilizado pelo aluno. É responsável pela elaboração das provas e das atividades e orienta os tutores nos objetivos e entraves do conteúdo. O contato do professor/aluno é realizado através dos chats e dos encontros presenciais agendados para a disciplina, embora esta atuação possa variar em cada Universidade. O foco deste professor é superar as dificuldades dos alunos com o conteúdo específico, buscando alternativas para facilitar o processo de aprendizagem, pensando em momentos presenciais e no formato adequado do conteúdo para ser usado virtualmente.
O professor que atua como gestor em educação a distância tem a função de transpor todo o material desenvolvido para a linguagem em EaD, orientando os tutores e professores formadores no processo de aprendizagem, gerenciando pedagogicamente o ambiente virtual e todas as ferramentas tecnológicas utilizadas no curso. Cabe ao gestor em EaD unificar a linguagem em EaD do curso, considerando o projeto político-pedagógico, o público alvo e os recursos humanos disponíveis. Este professor atua diretamente com os alunos, professores formadores, tutores e técnicos, observando os obstáculos no processo de aprendizagem, propondo novas estratégias e realizando avaliações constantes durante o processo.
É interessante observar que todos os professores utilizarão as mídias propostas e, portanto, precisam ter domínio das ferramentas e conhecer em profundidade todas as possibilidades existentes para elaborar estratégias para um aproveitamento eficaz dos alunos. A melhor ferramenta tecnológica não surtirá o efeito esperado se os alunos não se sentirem confortáveis e perceberem sua importância. Do mesmo modo que um professor que não compreende as mudanças na aquisição do conhecimento provocadas pelas tecnologias, não conseguirá apropriar-se dos benefícios proporcionados.
Neste aspecto, é fundamental que os papéis sejam claramente definidos e distribuídos considerando o perfil de cada professor e sua abertura aos novos processos de ensino-aprendizagem utilizado em uma modalidade flexível.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando iniciamos esta pesquisa, buscávamos pistas para compreender o eixo propulsor da aprendizagem dos alunos em EaD. Ao longo do processo fomos observando que as dificuldades dos alunos eram similares aos seus professores, supostamente detentores do conhecimento. O papel do professor na modalidade a distância é essencial para o sucesso da aprendizagem do aluno. Independente do papel que esteja exercendo em determinado momento, motivador, autor, gerenciador de ambiente, etc. o conjunto de suas ações determinará a qualidade e o sucesso do curso. A modalidade, por sua própria estrutura, incentiva o aluno a desenvolver sua autonomia, ser independente, responsável por sua própria aprendizagem.
Estas competências aumentam o nível de exigência destes alunos desencadeando um processo contínuo de busca pela melhoria da qualidade e novas estratégias de aprendizagem. A compreensão da importância dos papéis múltiplos exercidos pelos professores na EaD poderá abrir um espaço para revermos as estruturas implementadas até o momento.
Estruturas rígidas e fortemente hierarquizadas não coadunam com espaços de aprendizagem flexíveis e abertas assim como modelos prontos e fechados não terão espaço em uma educação do futuro. Segundo Lévy (1999), “os indivíduos toleram cada vez menos seguir cursos uniformes ou rígidos que não correspondem a suas necessidades reais e à especificidade de seu trajeto de vida” (p.169). O mais importante é que ao ouvir todos os atores envolvidos no processo, refletir conjuntamente e propor novos caminhos, todos estão crescendo durante este processo. Ao compartilhar experiências e saberes, cientes que o conhecimento só pode existir como construção coletiva da humanidade, estamos dando um importante passo em direção ao futuro: o passo de quem não tem medo de errar e compartilhar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 29, n. 2, 2003.
AUTHIER, Michel. Le bel avenir du parent pauvre. In Apprendre à distance. Le Monde de L’Éducation, de la Culture et de la Formation – Hors-série – France, Septembre, 1998.
ALAVA, Séraphin. Ciberespaço e formações abertas: rumo a novas práticas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
BELLONI, M.L. Educação a Distância, Campinas: Autores Associados, 2003.
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede, São Paulo: Paz e Terra, 1999.
EVANS, T & NATION, D. Educational Technologies: reforming open and distance education. In: Reforming open and distance education. Londres: Koogan, 1993.
HARVEY, D. Condição Pós-Moderna - Uma Pesquisa Sobre as Ori¬gens da Mudança Cultural, São Paulo: Loyola, 1993.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. São Paulo: Papirus, 2003.
PRADO, Maria Elisabette. “A Mediação Pedagógica: suas relações e interdependências.”In: Anais do XVII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. Brasília, 2006.


Image Hosted by ImageShack.us