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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

Trabalho apresentado ao curso de Pós-Graduação em Tutoria em Educação a Distância para conclusão do módulo “Fundamentos da Educação a Distância” da professora coordenadora Rosana Mascarenhas.

1. INTRODUÇÃO
Nesta UTA estudamos assuntos como, definições de educação à distância, modelos educacionais, tecnologias e aplicações; organização do trabalho pedagógico e o processo de ensino e aprendizagem envolvendo as dimensões da prática pedagógica – docência, conhecimento e tutoria, aprendizagem – relação professor x tutor x material didático e avaliação; funções e aplicações das políticas, regulamentações e avaliação institucional na EAD. Em função disto, o tema a ser trabalhado na Produção do Conhecimento é “A Educação Superior a Distância” e, após troca de idéias, o grupo analisa que a educação on-line no Brasil começa a despertar o interesse das Instituições Superiores de Ensino e conquistar os alunos. Sua interferência pode ser notada por todas as dimensões e níveis de ensino. Existe uma série de fatores que devem ser levados em conta na hora de decidir pela mudança no paradigma educacional. O planejamento baseado na situação real é de grande importância para uma adaptação curricular significativa.
Este PC tem como objetivo principal comentar a situação atual de conhecimento no que diz respeito ao conceito de Educação a Distância, no intuito de identificar a real possibilidade de implantação de uma “nova” forma de ensino. A educação superior a distância vive um período de grandes mudanças. O avanço da internet está facilitando o acesso a cursos on-line, de graduação e pós-graduação, principalmente de especialização. A LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), em especial nos seus artigos 80 e 87, reconhece a educação à distância e a partir de aí se intensificam os cursos nos vários níveis.

2. DESENVOLVIMENTO
2.1. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:

Quase 310 mil alunos fazem curso à distância no país, ou seja, sem a presença física na sala de aula. Na graduação e na pós-graduação, dobrou o número de estudantes matriculados nessa modalidade nos últimos anos, conforme pesquisa efetuada pelo IPAE - Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação. Esses são alguns dados do primeiro levantamento amplo de educação não-presencial no país. A pesquisa é a primeira a contabilizar números desse tipo de ensino em âmbito federal, estadual e municipal.
Até então, eram conhecidos apenas dados sobre graduação e pós-graduação (nível federal), tabulados pelo Ministério da Educação (MEC). Segundo a pesquisa, são 309.957 alunos matriculados em instituições credenciadas oficialmente a ministrar cursos a distância em que são emitidos certificados ou diplomas válidos no sistema nacional. Estima-se que, consideradas as modalidades que não necessitam de autorização, o número chegue a 1,1 milhão. As principais modalidades oferecidas são pós-graduação, graduação, educação de jovens e adultos (antigo supletivo) e técnico. O MEC autoriza e regula os dois primeiros; as secretarias são responsáveis pelos demais.
Como a graduação e a pós-graduação à distância já possuíam levantamentos anteriores, feitos pelo MEC, é possível fazer um comparativo do setor: em 2003, havia 76.769 alunos matriculados nessas modalidades; no ano seguinte, o número saltou para 159.366. Tal crescimento faz com sejam necessárias políticas mais eficientes de controle, afirmam especialistas da área.
Segundo pesquisadores e alunos, as vantagens do ensino a distância são a economia de tempo, a facilidade de acesso ao material e a possibilidade de interação entre alunos, em salas de Chat que oferecidas nos cursos via internet. Por outro lado, entre os pontos negativos, estão a dificuldade de se informar sobre a idoneidade da instituição e a necessidade de uma disciplina maior, já que não há um horário fixo de aula. Para o primeiro problema, o presidente do grupo de trabalho de educação a distância da USP, Carlos Alberto Dantas, recomenda que o estudante verifique no órgão competente se a instituição está credenciada a oferecer o curso.
Para o segundo, varia para cada estudante, dizem especialistas. "Tenho a preocupação de tentar entrar (no sistema) todo o dia", conta a professora Sandra Xavier, 46, que faz pós-graduação a distância em educação do Senac. O anuário foi feito em parceria entre a Abed e o Instituto Monitor, primeira empresa a oferecer ensino a distância no país. Nos primeiros três meses deste ano, foram consultadas todas as instituições credenciadas no MEC e nos conselhos estaduais e municipais de Educação.
2.2 LEGISLAÇÃO
A Educação a Distância é a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Essa definição está presente no Decreto 5.622, de 19.12.2005 (que revoga o Decreto 2.494/98), que regulamenta o Art. 80 da Lei 9394/96 (LDB). O Decreto n. 2.494/98 veio regulamentar o artigo 80 da LDB, definindo a compreensão Oficial do que é EAD, da oferta, do credenciamento, da autorização dos exames. A portaria n. 301/98 normatiza os procedimentos de credenciamento para a oferta de cursos de graduação e educação profissional tecnológica a distancia. O art. 80 da Lei estabelece que a União incentive o desenvolvimento de programas de Ensino a Distancia, em todos os níveis e modalidades de ensino e regulamentará os requisitos básicos necessários para a realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos a distancia. A Portaria 302 de 07/4/98 altera a redação e traz uma complementação do processo de avaliação das instituições de ensino superior a distancia. O Decreto 2561 de 24/04/98 altera a redação dos artigos 11 e 12 do Decreto 2494 de 10/2/98. A Portaria MEC 641 de 13/05/99 dispõe sobre autorização de oferta de novos cursos e contém normas que a modalidade a distancia deve obedecer. A Portaria 2.253 de 10/10/2001 autoriza a oferta de disciplinas não presenciais em cursos presenciais até 20%.
2.3. TECNOLOGIAS
Seus meios principais são: unidades de curso concebidas sob a forma de programas interativos informatizados, redes telemáticas (bancos de dados, e-mail, lista de discussão e sites), CD-ROMs didáticos, de divulgação científica e de cultura geral. As novas tecnologias de informação e comunicação, caracterizadas como midiáticas, são, portanto, mais do que simples suportes.
2.4. PAPEL DO PROFESSOR
O docente precisa antes de tudo conhecer e se apropriar dos planos de ensino e projetos pedagógicos da instituição que irá atuar. Diante disso, ele precisa se questionar e se planejar quanto a algumas questões: Que ação desenvolver, para que?, Que recursos disponho?, Qual a realidade do meu aluno?, Que significado o conteúdo terá na vida do meu aluno? Qual a metodologia mais adequada para este público?
"A competência do professor é, pois, dupla: investir na concepção e, portanto, na antecipação, no ajuste das situações-problema ao nível e às possibilidades dos alunos; manifesta-se também ao vivo, em tempo real, para guiar uma improvisação didática e ações de regulação. A forma de liderança e as competências requeridas não se comparam àquelas que exigem a condução de uma lição planejada, até mesmo interativa", segundo MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda.
Na tentativa de ampliar a participação do aluno e não colocá-lo como simples expectador do conteúdo, o professor em um ambiente a distância, possui recurso de uma plataforma que lhe dá informação sobre quase todo o percurso que este desenvolveu pelo conteúdo afora. Fica mais simples de encontrar as lacunas no seu planejamento, mas isto também amplia o alcance e a responsabilidade do professor mediador. O professor pode ainda promover participações e discussões em Chats ou fóruns, no intuito de aplicar cases de exemplo, fazendo o aluno questionar e sintetizar suas ações e habilidades perante uma situação-problema.
O papel ainda deste mediador, segundo SOARES, Maria Susana., é relacionar os momentos fortes do conteúdo, assegurar a memória coletiva ou confiá-la a certos alunos, colocar a disposição de outros, fazer buscar por novos materiais complementares requeridos, de acordo com a necessidade individual de cada aula e aluno, e propor experimentos. A motivação aqui pode chegar a níveis interessantes, o que proporciona autonomia e domínio individual do aluno perante as informações disponíveis.
O diferencial da aprendizagem ativa para EAD localiza-se com certeza no suporte que a tecnologia pode proporcionar ao professor mediador, seja na elaboração e exposição dos conteúdos, seja utilização de ferramentas de acompanhamento, seja na apresentação de material didático complementar, seja ainda na forma rápida e contínua de avaliar.
2.4.1. PAPEL DO ALUNO
Na EAD o estudante precisa ser um sujeito autônomo e que busque sua auto-aprendizagem. Sendo um sujeito ativo que construa seu conhecimento com auxílio do professor, atrelado ao uso das tecnologias, modificando assim suas próprias percepções.
2.4.2. PAPEL DO TUTOR
A tecnologia sozinha não resolve os problemas educacionais e sociais, podendo gerar um abismo ainda maior na sociedade. Mais uma vez, fica aparente a importância da "presença" de um Educador Virtual, que acompanhe este processo de auto-aprendizagem e "cuide" de seus aprendizes. Daí o termo utilizado para o professor de Educação a Distância: TUTOR.
Apesar de representar um avanço ao modelo do auto-estudo, ainda há muito o que se refletir sobre o tema. Muitas vezes, o tutor exerce um papel de "animador", ou seja, mantém contato com os alunos incentivando-os a continuarem seus estudos. Para obter resultados, há a necessidade do domínio do conteúdo pelo educador virtual e também o uso de estratégias pedagógicas que tornem o aprendizado significativo.
Além disso, o tutor garante o alcance dos objetivos propostos e cria uma parceria com o aluno para contribuir no processo de construção do pensamento em rede e mediar as interações. Promover o diálogo, o debate e desafios que despertem atitudes críticas e reflexivas também são atribuições deste educador.
Com isso, se faz cada vez mais urgente a necessidade de repensar e estabelecer novas metodologias e práticas de formação dos profissionais de educação, visando prepará-los para as constantes mudanças do mundo contemporâneo e desenvolver competências e habilidades exigidas para atuar neste novo papel de "Educador Virtual". Fica claro a necessidade de uma reflexão da função do tutor na sociedade e na formação de novos profissionais deste mercado cada vez mais competitivo.
2.5. PRINCÍPIOS DA EAD
Segundo Maria Lúcia Cavalli, alguns princípios da EAD são: aprendizagem auto-dirigida, disponibilidade de meios e materiais, programação da aprendizagem e interatividade entre estudantes e agentes de ensino.
Desta forma, Cavalli também supõe que um determinado curso de ensino superior pode ser dividido em um número significativo de partes ou módulos, cada um tendo direito de existir separadamente, sem perder relevância científica e utilidade didática.

3. CONCLUSÃO
A EAD, como uma modalidade de organização e desenvolvimento de currículo educacional, não deve ser reduzida, portanto, apenas a questões metodológicas ou a possibilidades de uso de novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC). Deve ser vista sempre como parte de um projeto político que vincule a educação com a luta por uma vida pública, na qual o diálogo, a tolerância e o respeito à diferença estejam atentos aos direitos e condições que organizam a vida pública como uma forma social justa e democrática. Um espaço de educação deve pressupor a construção de uma prática que possibilite aos sujeitos da ação educativa compreender criticamente a realidade social em que se inserem, com vistas a uma participação ativa nessa realidade. Isso indica uma compreensão de educação como um sistema aberto, não só voltado para a transmissão de informações e transferência de conhecimentos, que implica processos transformadores que decorrem da experiência de cada um dos sujeitos da ação educativa. A autonomia do aluno passa a ser um dos ideais da ação educativa. Ele deve ser estimulado a ser ativo no processo de construção do conhecimento, principalmente quando se tem presente que o mundo contemporâneo, em que o conhecimento evolui de forma incontrolável, exige uma educação voltada para a autonomia do aprendiz, o que implica uma metodologia do aprender a aprender. A EAD, enfim, por suas peculiaridades, sobretudo em relação à mediatização das mensagens pedagógicas, coloca-se como uma modalidade em potencial para o desenvolvimento dessa autonomia que se quer do aprendiz.

REFERÊNCIAS
IPAE - Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação.

LDB – Lei de Diretrizes e Base - artigo 80.

MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 3ª Ed. São Paulo. Papirus, 2001.

NEDER, Maria Lucia Cavalli. Avaliação na Educação a Distância: significados para definição de Percursos. In: PRETI, Oreste (org.). Educação a Distância: inícios e indícios de um percurso. Cuiabá: UFMT, 1996.

SOARES, Maria Susana A. A Educação Superior no Brasil. Brasília, CAPES - UNESCO, 2002. Páginas: 251-274.

TUTORIA EaD

O surgimento das novas tecnologias da informação e da comunicação deu um novo impulso à Educação a Distância, fazendo aparecer, através da Internet, formas alternativas de geração e de disseminação do conhecimento. A Educação a Distância, antes centralizada no texto impresso, agora vai cedendo lugar para fontes eletrônicas digitais de informação, trazendo possibilidades quase inesgotáveis para a aprendizagem. Neste novo cenário, os papéis tradicionais do professor, aluno e escola precisam ser compreendidos e investigados para fazer frente às mudanças que se impõem. A Educação a Distância via Internet redefine substancialmente o papel do professor que agora assume posição diferenciada daquela conhecida historicamente. Como elemento central no processo ensino/aprendizagem, portanto, precisa ter sua função, sua prática, seu papel questionado, compreendido, estudado. Realiza-se uma reflexão sobre o professor-tutor no contexto de Educação a Distância online, destacando as principais diferenças entre suas atividades e aquelas atribuídas ao professor convencional. Nesta perspectiva, o presente estudo tem como propósito buscar as influências desse tutor na formação docente. São destacadas as interações realizadas presencialmente nos encontros quinzenais e no acompanhamento da prática pedagógica como à distância. A partir do desenvolvimento dessa pesquisa e das análises teóricas realizadas foram evidenciando questões centrais como EAD, proposta pedagógica, formação de tutor e de professores, interatividade e prática pedagógica que nos revela a importância deste estudo para a educação contemporânea, sobretudo para a formação inicial de professores.
Palavra-chave:
Internet, Educação a Distância, professor-tutor, funções do tutor.

INTRODUÇÃO
Vivemos em uma sociedade conhecida hoje como sociedade de informação; conceito que define bem a existência de fluxos tão complexos de idéias, produtos, dinheiro, pessoas, o que estabeleceu uma nova forma de organização social. O fato é que verificamos claramente as transformações na organização do trabalho, na produção, nos mecanismos de relacionamento social e no acesso à informação.
A implantação de cursos de graduação e pós-graduação na modalidade a distância foi intensificada nos últimos anos, abrindo um leque de possibilidades para o aprofundamento de estudos da modalidade. O incremento no universo de alunos, professores e gestores que trabalham com a educação a distância, atualmente, possibilita a investigação de elementos importantes em relação ao processo de ensino-aprendizagem realizado em EaD.
De maneira geral, os conhecimentos necessários ao tutor não são diferentes dos que precisa ter um bom docente. Este necessita entender a estrutura do assunto que ensina os princípios da sua organização conceitual e os princípios das novas idéias produtoras de conhecimento na área. Sua formação teórica sobre o âmbito pedagógico-didático deverá ser atualizada com a formação na prática dos espaços tutoriais. Para que um curso seja veiculado a distância, mediado pelas novas tecnologias, é preciso contar com uma infra-estrutura organizacional complexa (técnica, pedagógica e administrativa).
O novo papel do professor-tutor precisa ser repensado para que não se reproduzam nos atuais ambientes de educação a distância concepções tradicionais das figuras do professor/aluno. É preciso superar a postura ainda existente do professor transmissor de conhecimentos. Passando, sim, a ser aquele que imprime a direção que leva à apropriação do conhecimento que se dá na interação. Interação entre aluno/aluno e aluno/professor, valorizando-se o trabalho de parceria cognitiva; elaborando-se situações pedagógicas onde as diversas linguagens estejam presentes.
O papel do professor como repassador de informações deu lugar a um agente organizador, dinamizador e orientador da construção do conhecimento do aluno e até da sua auto-aprendizagem. Sua importância é potencializada e sua responsabilidade social aumentada. Sua função não é passar conteúdo, mas orientar a construção do conhecimento pelo aluno. “Exige-se mais do tutor de que de cem professores convencionais” (Sá, 1998:46), pois este necessita ter uma excelente formação acadêmica e pessoal.

DESENVOLVIMENTO
Os cursos de EaD apresentam uma equipe multidisciplinar e os professores assumem papéis diferenciados, que incluem desde a gestão administrativa destes projetos até a atuação como professor virtual, através de teleconferências. Segundo Authier (1998), estes professores “são produtores quando elaboram suas propostas de cursos; conselheiros quando acompanham os alunos, parceiros quando constroem com os especialistas em tecnologia abordagens inovadoras de aprendizagem”. No atual momento, vivemos um hiato característico de um período de transição. Implementamos cursos na modalidade a distância com forte agregado tecnológico, mas não temos ainda professores dos conteúdos específicos das disciplinas em número suficiente com desenvoltura no uso das TIC´s.
O professor responsável por um determinado conteúdo não precisa ser um especialista em tecnologia para operacionalizar propostas inovadoras. Ele precisa ser um usuário pleno das tecnologias para ser capaz de propor formas de interação do seu conteúdo por outras mídias. Um professor que esteja restrito ao entendimento de que a aula só acontece em uma sala tradicional, não conseguirá transpor os conteúdos de sua disciplina para a metodologia a distância com eficácia.
“Nessa perspectiva não resta apenas ao sujeito adquirir conhecimentos operacionais para poder desfrutar das possibilidades interativas com as novas tecnologias. O impacto das novas tecnologias reflete-se de maneira ampliada sobre a própria natureza do que é ciência, do que é conhecimento. Exige uma reflexão profunda sobre as concepções do que é o saber e sobre as formas de ensinar e aprender”. Kenski (2003, p.75).
Esta mudança de atitude precisa estar presente em todos os elementos envolvidos na construção de um curso na modalidade a distância, especificamente nos professores que interagem com o aluno diretamente. Investigar e analisar como se realiza a aprendizagem e quais as ferramentas possíveis de utilização para viabilizá-las é fundamental para quem trabalha com o aluno de EaD. A complexidade nas relações na EaD pode ser exemplificada pela quantidade de pessoal envolvido para ofertar apenas uma disciplina. Entre tutores, autores, revisores, especialistas de EaD, webdesigners, entre outros, a formatação final da disciplina torna-se uma construção coletiva. É provável que o resultado final seja bem diverso do pensamento inicial do professor autor, e esta é apenas mais uma das inúmeras crises que acontecem ao longo do processo. Não existe um consenso sobre qual o melhor caminho para enfrentar os inúmeros obstáculos no desenvolvimento da aprendizagem, principalmente mediado por tecnologias. Lévy (1999) nos fornece algumas pistas nesta direção quando afirma que o uso das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativas provoca uma ampliação e mutação na relação com o saber.
O aluno ao longo do processo de aprendizagem terá contato com professores diferentes em cada disciplina (autor/formador, tutor, especialista em EaD), que estarão orientando o mesmo conteúdo. No caso da EaD o aluno tem, através de diferentes meios e instâncias, contato com diferentes sujeitos que buscam orientar sua aprendizagem, provocando em alguns momentos um verdadeiro duelo de forças sobre qual o melhor caminho para facilitar a aprendizagem.
Observamos que as definições dos diferentes papéis do professor na Educação a Distância podem variar de acordo com a Instituição que desenvolve o projeto. Para analisar a interação dos diferentes papéis do professor nos cursos de graduação a distância, vamos utilizar as categorias propostas pela Secretaria de Educação a Distância (SEED) do Ministério da Educação, que são adotadas pela maioria das universidades públicas que trabalham com EaD.
O tutor é o professor que atende o aluno diretamente no pólo, orientando-o na execução de suas atividades, auxiliando-o na organização do seu tempo e dos seus estudos. Geralmente ele apresenta uma formação generalista vinculada à área do curso e não a uma determinada disciplina. Uma das atribuições do tutor é tirar as dúvidas dos alunos em relação aos conteúdos apresentados, mas precisamos considerar que dependendo da disciplina ou do conteúdo, esta tarefa poderá não ser desempenhada com sucesso. O tutor é a figura mais próxima dos alunos e o relacionamento entre estes dois grupos é sempre estruturado em um grau de afetividade bastante considerável.
Em todos os estudos sobre EaD é consenso a importância do papel da tutoria no sucesso da aprendizagem e na manutenção destes alunos no processo. Em alguns casos, verifica-se que o papel do tutor é mais importante do que o material utilizado ou as plataformas de aprendizagem disponíveis. A questão preponderante aqui é, se o papel do tutor é tão essencial ao processo de EaD e por que razão alguns projetos o colocam em um plano menos importante? Para exercer o papel da tutoria podemos contratar alunos dos cursos de graduação ou professores recém-formados sem experiência como professores?
Quais são os requisitos fundamentais para a função de tutor? Segundo Belloni (2000), algumas capacidades, tais como orientar a aprendizagem, motivar o aluno, conhecer as ferramentas tecnológicas, ser aberto a críticas, entre outras, são essenciais ao bom desempenho de um professor em EaD.
O perfil do tutor de um curso a distância exige algumas características que não estão relacionadas apenas com uma competência objetiva. São aspectos relacionados ao relacionamento interpessoal e a compreensão de educação que cada indivíduo constrói internamente. Não basta apenas um discurso motivador e uma proposta de trabalho enfocando a construção do conhecimento de forma conjunta com o aluno. É fundamental que este professor adquira ou desenvolva habilidades de relacionamento interpessoal que valorize um processo de formação flexível, com abertura para o diálogo e negociação constantes durante a aprendizagem.
Segundo Prado (2006), no contexto de alguns cursos na modalidade a distância, a ênfase é direcionada para um dos elementos do processo de ensino aprendizagem – materiais, atividades e interação, que são tratados isoladamente.
“Neste caso, há geralmente uma supremacia entre eles, por exemplo, quando o foco centra no ensino a mediação pedagógica tende a enfatizar a produção de materiais. Ao contrário deste foco, quando a ênfase é centrada na aprendizagem, a mediação pedagógica privilegia as interações.” (Prado, 2006, p.117)
Ao focar em elementos distintos da aprendizagem (material, ambiente virtual, avaliação, etc.) a função do tutor é deliberadamente esvaziada e esta estratégia pode ser explicada a partir de vários fatores. Podemos observar a preocupação com a formação dos tutores e a ausência de vínculo institucional, a formação em um ambiente tradicional, a existência de vínculos afetivos que poderiam comprometer a integridade do processo de avaliação, entre outros fatores.
Um curso na modalidade a distância que esvazia a função do tutor não estará necessariamente fortalecendo outros papéis na dinâmica da aprendizagem. Pelo contrário, o risco maior é alimentar uma lacuna na construção da aprendizagem, criando obstáculos no processo. Todo curso na modalidade a distância constrói um ferramental poderoso para o desenvolvimento da autonomia e disciplina. O foco não está direcionado apenas para a aquisição do conteúdo, mas também para o desenvolvimento de uma série de habilidades e competências que permeiam a aprendizagem. É justamente esta a razão dos altos índices de evasão de cursos desta natureza, uma vez que a modalidade a distância não é adequada para todos os indivíduos. Ao limitar a ação do tutor no processo de aprendizagem, uma mensagem repleta de ambigüidade é enviada aos alunos: incentivamos e promovemos a autonomia e o crescimento individual dos alunos, mas mantemos uma série de ações que limitam a atuação do tutor apenas ao campo da afetividade e controle. Este processo acaba frustrando ambos, tutor e aluno em diferentes níveis, pois nenhum dos dois é considerado apto a solucionar questões emergenciais no cotidiano da aprendizagem. Um tutor que apenas tira dúvidas e atua como mensageiro dos professores e gestores do curso, não será um parâmetro confiável para o aluno em sua busca por conhecimento e autonomia.
Um tutor, com participação efetiva no processo de avaliação e construção dos conteúdos, torna-se um elemento fundamental para o sucesso de qualquer curso a distância, pois cabe a ele observar e entender como o aluno aprende, criando estratégias de aprendizagem significativas para o aluno. Observamos que diversos autores que refletem sobre a apropriação das novas tecnologias na educação resgatam. É importante ressaltar a propriedade do resgate de conceitos de Vigotsky (1987) com propriedade, principalmente no que se refere aos cursos realizados a distância. Para Alava (2003), o paradigma da aprendizagem contextualizada é adequado à aprendizagem a distância devido aos suportes tecnológicos que permite chegar ao aluno no seu contexto habitual. Além disso, a abordagem sócio-interacionista ressalta o papel de guia desempenhado pelo professor e pelos colegas como facilitadores da aprendizagem. O fato de introduzir uma dimensão de interação social na análise e nos mecanismos pelos quais novas competências podem ser construídas no indivíduo abriu caminho para novas aplicações da tecnologia.
O professor formador acompanha e operacionaliza a disciplina durante o período em que ela está acontecendo. Ele pode ser ou não o autor do material utilizado pelo aluno. É responsável pela elaboração das provas e das atividades e orienta os tutores nos objetivos e entraves do conteúdo. O contato do professor/aluno é realizado através dos chats e dos encontros presenciais agendados para a disciplina, embora esta atuação possa variar em cada Universidade. O foco deste professor é superar as dificuldades dos alunos com o conteúdo específico, buscando alternativas para facilitar o processo de aprendizagem, pensando em momentos presenciais e no formato adequado do conteúdo para ser usado virtualmente.
O professor que atua como gestor em educação a distância tem a função de transpor todo o material desenvolvido para a linguagem em EaD, orientando os tutores e professores formadores no processo de aprendizagem, gerenciando pedagogicamente o ambiente virtual e todas as ferramentas tecnológicas utilizadas no curso. Cabe ao gestor em EaD unificar a linguagem em EaD do curso, considerando o projeto político-pedagógico, o público alvo e os recursos humanos disponíveis. Este professor atua diretamente com os alunos, professores formadores, tutores e técnicos, observando os obstáculos no processo de aprendizagem, propondo novas estratégias e realizando avaliações constantes durante o processo.
É interessante observar que todos os professores utilizarão as mídias propostas e, portanto, precisam ter domínio das ferramentas e conhecer em profundidade todas as possibilidades existentes para elaborar estratégias para um aproveitamento eficaz dos alunos. A melhor ferramenta tecnológica não surtirá o efeito esperado se os alunos não se sentirem confortáveis e perceberem sua importância. Do mesmo modo que um professor que não compreende as mudanças na aquisição do conhecimento provocadas pelas tecnologias, não conseguirá apropriar-se dos benefícios proporcionados.
Neste aspecto, é fundamental que os papéis sejam claramente definidos e distribuídos considerando o perfil de cada professor e sua abertura aos novos processos de ensino-aprendizagem utilizado em uma modalidade flexível.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando iniciamos esta pesquisa, buscávamos pistas para compreender o eixo propulsor da aprendizagem dos alunos em EaD. Ao longo do processo fomos observando que as dificuldades dos alunos eram similares aos seus professores, supostamente detentores do conhecimento. O papel do professor na modalidade a distância é essencial para o sucesso da aprendizagem do aluno. Independente do papel que esteja exercendo em determinado momento, motivador, autor, gerenciador de ambiente, etc. o conjunto de suas ações determinará a qualidade e o sucesso do curso. A modalidade, por sua própria estrutura, incentiva o aluno a desenvolver sua autonomia, ser independente, responsável por sua própria aprendizagem.
Estas competências aumentam o nível de exigência destes alunos desencadeando um processo contínuo de busca pela melhoria da qualidade e novas estratégias de aprendizagem. A compreensão da importância dos papéis múltiplos exercidos pelos professores na EaD poderá abrir um espaço para revermos as estruturas implementadas até o momento.
Estruturas rígidas e fortemente hierarquizadas não coadunam com espaços de aprendizagem flexíveis e abertas assim como modelos prontos e fechados não terão espaço em uma educação do futuro. Segundo Lévy (1999), “os indivíduos toleram cada vez menos seguir cursos uniformes ou rígidos que não correspondem a suas necessidades reais e à especificidade de seu trajeto de vida” (p.169). O mais importante é que ao ouvir todos os atores envolvidos no processo, refletir conjuntamente e propor novos caminhos, todos estão crescendo durante este processo. Ao compartilhar experiências e saberes, cientes que o conhecimento só pode existir como construção coletiva da humanidade, estamos dando um importante passo em direção ao futuro: o passo de quem não tem medo de errar e compartilhar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 29, n. 2, 2003.
AUTHIER, Michel. Le bel avenir du parent pauvre. In Apprendre à distance. Le Monde de L’Éducation, de la Culture et de la Formation – Hors-série – France, Septembre, 1998.
ALAVA, Séraphin. Ciberespaço e formações abertas: rumo a novas práticas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
BELLONI, M.L. Educação a Distância, Campinas: Autores Associados, 2003.
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede, São Paulo: Paz e Terra, 1999.
EVANS, T & NATION, D. Educational Technologies: reforming open and distance education. In: Reforming open and distance education. Londres: Koogan, 1993.
HARVEY, D. Condição Pós-Moderna - Uma Pesquisa Sobre as Ori¬gens da Mudança Cultural, São Paulo: Loyola, 1993.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. São Paulo: Papirus, 2003.
PRADO, Maria Elisabette. “A Mediação Pedagógica: suas relações e interdependências.”In: Anais do XVII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. Brasília, 2006.


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domingo, 27 de julho de 2008

A Eficácia do Trabalho Pedagógico

Quando olhamos para nossa experiência de alunos em sala de aula, um bom curso é aquele que nos empolga nos surpreende, nos faz pensar, nos envolve ativamente, traz contribuições significativas e nos põe em contato com pessoas, experiências e idéias interessantes. Às vezes um curso promete muito, tem tudo para dar certo e nada acontece. Em contraposição, outro que parecia servir só para preencher uma lacuna, se torna decisivo. Um bom curso depende de um conjunto de fatores previsíveis e de uma "química", uma forma de juntar os ingredientes que faz a diferença.No fundamental, um bom curso presencial ou a distância, possuem os mesmos ingredientes:Um bom curso, presencial ou a distância, depende, em primeiro lugar, de termos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos. O grande educador atrai não só pelas suas idéias, mas pelo contato pessoal. Há sempre algo surpreendente, diferente no que diz, nas relações que estabelece na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. Um bom curso depende também dos alunos. Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador.Um bom curso depende também de termos administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apóiem os professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação.Um bom curso depende, finalmente, de ambientes ricos de aprendizagem, de ter uma boa infra-estrutura física: salas, tecnologias, bibliotecas... A aprendizagem não se faz só na sala de aula, mas nos inúmeros espaços de encontro, de pesquisa e produção que as grandes instituições propiciam aos seus professores e alunos. Um bom curso depende muito da possibilidade de uma boa interação entre os seus participantes, do estabelecimento de vínculos, de fomentar ações de intercâmbio. Quanto mais interação, mais horas de atendimento são necessárias. Uma interação efetiva precisa de ter monitores capacitados, com um número equilibrado de alunos. Em educação a distância não se pode só "passar" uma aula pela TV ou disponibilizá-la num site na Internet e dar alguns exercícios. Um bom curso de educação a distância procura ter um planejamento bem elaborado, mas sem rigidez excessiva. Permite menos improvisações do que uma aula presencial, mas também deve evitar a execução totalmente hermética, sem possibilidade de mudanças, sem prever a interação dos alunos. Precisamos aprender a equilibrar o planejamento e a flexibilidade (que está ligada ao conceito de liberdade, de criatividade). Nem planejamento fechado, nem criatividade desorganizada, que vira só improvisação.Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado, se conseguirmos transformar o curso em uma comunidade viva de investigação, com atividades de pesquisa e de comunicação.Com a flexibilidade procuramos adaptar-nos às diferenças individuais, respeitar os diversos ritmos de aprendizagem, integrar as diferenças locais e os contextos culturais. Com a organização, buscamos gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecemos os parâmetros fundamentais. Um bom curso a distância não valoriza só os ou indireto. Mas vale a pena. Só assim podemos avançar de verdade.Quando olhamos para nossa experiência de alunos em sala de aula, um bom curso é aquele que nos empolga, nos surpreende, nos faz pensar, nos envolve ativamente, traz contribuições significativas e nos põe em contato com pessoas, experiências e idéias interessantes. Às vezes um curso promete muito, tem tudo para dar certo e nada acontece. Em contraposição, outro que parecia servir só para preencher uma lacuna, se torna decisivo. Um bom curso depende de um conjunto de fatores previsíveis e de uma "química", uma forma de juntar os ingredientes que faz a diferença.No fundamental, um bom curso presencial ou a distância, possuem os mesmos ingredientes:Um bom curso, presencial ou a distância, depende, em primeiro lugar, de termos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos. O grande educador atrai não só pelas suas idéias, mas pelo contato pessoal. Há sempre algo surpreendente, diferente no que diz nas relações que estabelece na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. Um bom curso depende também dos alunos. Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador. Um bom curso depende também de termos administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apóiem os professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação. Um bom curso depende, finalmente, de ambientes ricos de aprendizagem, de ter uma boa infra-estrutura física: salas, tecnologias, bibliotecas... A aprendizagem não se faz só na sala de aula, mas nos inúmeros espaços de encontro, de pesquisa e produção que as grandes instituições propiciam aos seus professores e alunos. Um bom curso depende muito da possibilidade de uma boa interação entre os seus participantes, do estabelecimento de vínculos, de fomentar ações de intercâmbio. Quanto mais interação, mais horas de atendimento são necessárias. Uma interação efetiva precisa de ter monitores capacitados, com um número equilibrado de alunos. Em educação a distância não se pode só "passar" uma aula pela TV ou disponibilizá-la num site na Internet e dar alguns exercícios. Um bom curso de educação a distância procura ter um planejamento bem elaborado, mas sem rigidez excessiva. Permite menos improvisações do que uma aula presencial, mas também deve evitar a execução totalmente hermética, sem possibilidade de mudanças, sem prever a interação dos alunos. Precisamos aprender a equilibrar o planejamento e a flexibilidade (que está ligada ao conceito de liberdade, de criatividade). Nem planejamento fechado, nem criatividade desorganizada, que vira só improvisação.Temos cursos prontos, com instruções precisas para o aluno, baseados em materiais on-line, em casa, animações, pequenos vídeos e atividades que o aluno realiza durante um período determinado e que envia os resultados das atividades a um centro que as corrige, normalmente, de forma automática e atribui um conceito que permite o avanço do aluno para uma nova etapa. A grande vantagem destes cursos é a flexibilidade de tempo. O aluno pode começar e terminar dentro do seu próprio ritmo. O curso pode acontecer a qualquer momento. Não precisa reunir uma turma específica, com determinado número de alunos. Isso facilita para a instituição e para o aluno. Muitos de nossos cursos utilizam só materiais textuais disponibilizados na Internet. Outros acrescentam apresentações em PowerPoint, trechos de vídeos, gravações em áudio, um design para a Internet mais leve, de fácil navegação e com formatos hipertextuais e multimídia. Esses cursos precisam de um aluno maduro, auto-suficiente e auto-motivado. Normalmente dão mais certo com profissionais que já estão atuando no mercado e que querem evoluir na carreira ou que são pressionados para atualização constante. Outros cursos combinam uma proposta fechada, pronta com alguns momentos de interação. O aluno tem a sua disposição um tutor ou um orientador on-line, para dúvidas por e-mail ou em alguns horários determinados. São cursos prontos, focados no conteúdo, com algum apoio para tirar dúvidas, para encaminhamento de trabalhos, mas fundamentalmente são direcionados para os alunos individualmente. Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado, se conseguirmos transformar o curso em uma comunidade viva de investigação, com atividades de pesquisa e de comunicação. Com a flexibilidade procuramos adaptar-nos às diferenças individuais, respeitar os diversos ritmos de aprendizagem, integrar as diferenças locais e os contextos culturais. Com a organização, buscamos gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecemos os parâmetros fundamentais. Um bom curso a distância não valoriza só os ou indireto. Mas vale a pena. Só assim podemos avançar de verdade. Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado, se conseguirmos transformar o curso em uma comunidade viva de investigação, com atividades de pesquisa e de comunicação. Com a flexibilidade procuramos adaptar-nos às diferenças individuais, respeitar os diversos ritmos de aprendizagem, integrar as diferenças locais e os contextos culturais. Com a organização, buscamos gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecemos os parâmetros fundamentais. Um bom curso a distância não valoriza só os ou indireto. Mas vale a pena. Só assim podemos avançar de verdade.

MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 3 edição, Campinas: Papirus, 2001.
www.eca.usp.br/prof/moran/textosead.htm

** Texto publicado com permissão do professor José Manuel Moran - Professor da Universidade Bandeirante e das Faculdades Sumaré-SP e assessor do Ministério de Educação para avaliação de cursos a distância

Evolução da Educação a Distância

Introdução
Nos séculos passados, muitas pessoas foram literalmente queimadas por serem informadas e disseminarem seus conhecimentos. Atualmente, a falta de conhecimento pode excluir socialmente o homem. Vivemos na chamada era do conhecimento e existe a necessidade de formação permanente. Apesar desta nova postura cultural, onde quem não se atualiza dificilmente encontrará um lugar ao sol, é um despropósito imaginar que, em pleno Século XXI, alguns, por falta de oportunidade, ainda fiquem excluídos. Muitos são os fatores que dificultam este processo e, entre tantos, encontramos: restrição de tempo, dificuldade de deslocamento e carência de cursos de formação em algumas regiões do país.
A Educação a Distância é uma das estratégias utilizadas para preencher esta lacuna e com a tecnologia atual, a interação entre professor e aluno pode ser feita, inclusive, em tempo real, mesmo que estejam geograficamente distantes. Considerar que esses programas podem dispensar a mediação e o trabalho do professor é um engano, pois, segundo Authier (1998), os professores são produtores ao elaborarem as propostas de cursos; conselheiros ao acompanharem os alunos; parceiros, ao construírem, junto com os especialistas em tecnologia, abordagens inovadoras de aprendizagens. Novos tempos, novas tecnologias e nova cultura com a presença de educadores.
Expressões como chat, messenger, teleconferência, correio eletrônico ou e-mail fazem parte do cotidiano. Educadores e educandos devem saber usufruir destas facilidades tecnológicas.
Hoje em dia, as crianças manuseiam meios eletrônicos apresentando grande disposição para o uso das tecnologias, mas muitos educadores são de outra geração. Apesar de a tecnologia estar disponível para uma boa parte da população, somente uma parcela de pessoas sabe tirar proveito do que ela proporciona. Em um ambiente de alta tecnologia não se pode usar a mesma didática que se aplica em sala de aula com quadro negro e giz. O professor tem que apresentar uma postura pedagógica diferente e o aluno não pode ser mais um elemento passivo.
A Educação é uma atividade que envolve aquele que ensina (professor ou educador), a quem se ensina (aluno ou educando) e o que se ensina (conteúdo) e estes componentes não mudam na educação presencial, semipresencial ou a distância. A mudança está na maneira como o conteúdo será passado, recebido e trabalhado. Métodos e técnicas de comunicação disponíveis permitem que a Educação a Distância chegue a muitos estudantes.
As inúmeras mudanças e inovações, que a introdução da tecnologia proporciona à Educação, têm gerado questionamentos, entre eles: quais são as competências e habilidades necessárias para que o educador exerça o papel de formar, informar e ajudar na construção dos conhecimentos transmitidos a distância? Perrenoud (2000) afirma que inserir tecnologia no ambiente educacional vai muito além de saber usar o computador. A implantação tecnológica deve colaborar para a formação do julgamento, do senso crítico, do pensamento hipotético e dedutivo. Nessa perspectiva ela irá contribuir para as faculdades de observação e de pesquisa estimulando a capacidade de memorização e classificação da leitura e da análise de imagens e textos.
Este trabalho enfoca as habilidades necessárias ao professor e apresenta as possibilidades que algumas ferramentas oferecem para proporcionar o contato a distância. Sem a pretensão de esgotar o assunto, aponta sugestões para políticas públicas e institucionais que venham a contribuir para a melhoria da Educação a Distância.
Para a elaboração deste trabalho utilizou-se pesquisa bibliográfica que na orientações de Dihehl; Tatim (2004) é desenvolvida, principalmente, a partir de livros e artigos científicos já elaborados. Empregou-se, também, a investigação exploratória, pois o tema Educação a Distância possui “pouco conhecimento acumulado e sistematizado” (VERGARA, 1988. p. 45). Os autores atuam na área e por meio da observação participante foi possível a “participação real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada” (GIL, 1999, p. 113).
Desenvolvimento
O Decreto n.º 5.622, de 19 de dezembro de 2005, define a Educação a Distância como a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Nesta mesma linha Lobo Neto (1988) argumenta que, na impossibilidade de ocorrer o encontro presencial entre o educador e o educando, a comunicação é promovida por meios capazes de suprir a distância que os separa fisicamente. Enfatiza que não é verdade que a educação a distância seja uma educação distante, em que o aluno esteja isolado. A interação se mantém por meio dos recursos tecnológicos que a organização responsável pelo curso coloca à disposição do aluno para que ele tenha o suporte necessário para seu aprendizado.
Nas definições de Educação a Distância encontra-se que é um processo contínuo e organizado proporcionando a flexibilidade de espaço e tempo e que utiliza recursos tecnológicos. Alguns autores afirmam ser mais adequada para a educação de adultos, pois a autonomia do educando deve ser bem maior que no ensino presencial. Nas definições encontramos um consenso, mas o mesmo não pode ser dito em relação às nomenclaturas utilizadas para definir as pessoas envolvidas no processo da transmissão dos conteúdos na Educação a Distância.
Em Gonzalez (2005) encontramos que o Coordenador de Aprendiz é o professor com amplos conhecimentos nas disciplinas, podendo ou não ser o autor do curso coordenando o processo de aprendizagem; o Professor-Tutor é o mediador do curso cabendo-lhe responder as dúvidas apresentadas pelos estudantes estimulando-os a participar dos chats e discussões além de avaliar a participação de cada um. Já o Orientador de Ambiente é o especialista em tecnologia para que possa orientar os estudantes a utilizarem os recursos oferecidos pelo curso. Partindo de sua experiência, Maia (2002) diferencia professor-autor do professor-tutor, referindo-se ao primeiro como o responsável pelo planejamento e produção de materiais de aprendizagem e, ao segundo, pela aplicação dos conteúdos aos alunos. A divisão entre professor e tutor é mais institucional do que pedagógica (MAGGIO, 2001). Independente da terminologia utilizada, Arredondo (2003) observa que o importante são as tarefas executadas em torno do aluno. Para este autor o professor-tutor, em relação ao aluno, é professor, quando ensina e explica a matéria; Tutor, quando ajuda, tutela e atende às necessidades e carências durante o desenvolvimento de sua aprendizagem; Assessor, quando aconselha e sugere soluções diante das dificuldades que pode encontrar; Orientador, quando guia e indica o que mais convém em cada circunstância; Facilitador, quando esclarece dúvidas e facilita os conteúdos de aprendizagem.
O que se observa é a complexidade que envolve o profissional responsável pelo aprendizado do aluno e acredita-se ser mais importante a sua atitude do que a forma como é denominado.
Evolução da Educação a Distância
A primeira geração da Educação a Distância contava com os textos impressos enviados por correio. No Século XVIII, precisamente em 1728, o professor de taquigrafia Caleb Philipps colocou um anúncio na Gazeta de Boston (Massachussets, Estados Unidos) oferecendo cursos com material enviado semanalmente para quaisquer pessoas que viviam longe de Boston.
A segunda geração iniciou no Século XX em meados dos anos 60 utilizando, além da correspondência impressa, meios auditivos e visuais. Programas de ensino transmitidos pelo rádio ou pela televisão chegavam a vários locais. A comunicação entre professor e aluno era efetuada mediante material impresso e encaminhado por correspondência postal. No entanto, Gutierrez; Pietro (1994) apresenta que transmitir conteúdos via rádio, material impresso ou através de vídeos não é fazer Educação a Distância. Para estes autores a explicação lógica é que os chamados ‘modelos de comunicação’ dessa época sempre privilegiavam a fonte ou emissora que selecionava as mensagens a serem transmitidas. Vale lembrar que o Brasil se encontrava sob o regime militar e a censura era bem ampla.
A terceira geração da Educação a Distância conhecida como “educação on-line” teve um grande salto com a ampliação e abertura da internet. Isso começou a partir dos anos 90 do Século XX.
Observa-se que as duas primeiras gerações estavam engessadas em um processo de mínima ou de quase nenhuma interação instantânea entre o educando e o educador. Na terceira geração o termo distância passa a ser irrelevante, pois o intercâmbio entre aluno e professor depende, não mais do local onde se está, mas da tecnologia utilizada.
Seguindo as informações de Prates; Loyolla (2000) apresentaremos, de maneira resumida, três correntes pedagógicas: o Comportamentalismo se depara com o professor ensinando de forma repetitiva os fatos/fenômenos sem a preocupação de explicar suas causa/origens; o Cognitivismo é uma abordagem pedagógica em que o professor ensina descrevendo os fatos/fenômenos com a preocupação de explicar suas causas/origens, porém, ainda dentro de uma situação de aceitação passiva por parte dos alunos diante do professor detentor do saber; o Construtivismo é uma abordagem pedagógica diferenciada das duas anteriores, pois nela não é o professor que ensina, mas sim o aluno que aprende. Esta abordagem baseia-se numa ação tutorial do professor que, ao invés de ensinar, induz o aluno a aprender a aprender mediante a busca orientada do conhecimento que necessita.
Para estes autores a abordagem pedagógica recomendada para a Educação a Distância é o construtivismo uma vez que o foco é orientado ao aluno/aprendiz cabendo ao professor a tarefa de estimular o uso da pesquisa como elemento para aquisição de conhecimento. Desta forma desempenhando a função de mediador nesse processo.
Na Educação a Distância a postura, tanto de professores como alunos, deve ser repensada. Não se trata apenas de mudar a maneira de ensinar ou aprender. Se o professor está acostumado a ser o centro das atenções e o aluno a ser espectador, com certeza, educação a distância não lhes é recomendada a menos que revejam suas atitudes.
Como em qualquer área, a educação passa por constante processo de mudanças. Lévy (1996) nos alerta que os conhecimentos têm um ciclo de renovação cada vez mais curto e Pedrosa (2003, p. 68) reforça que não se pode “[...] delimitar o final de uma época de aprendizagem e o início de um trabalho”. Infelizmente, sabe-se que alguns professores, ao receberem a formação inicial, esquecem que este é apenas o início do caminho de sua carreira. Tendo em vista a velocidade das mudanças atuais, ser qualificado atualmente significa “ser capaz de uma prática profissional equipada e atualizada – desafio que poucos conseguem assumir e vencer [...]” (MARTINS, 2003, p. 1555).
De um lado, temos professores que estão mais habituados ao modelo convencional e muitos alegam que não conseguiriam ficar sem interagir diretamente com os alunos. Talvez esses professores estejam desatualizados em informação tecnológica. Do outro lado temos os alunos que, muitos deles, acomodaram-se em desempenhar um papel de passividade. Habituados a receber os conteúdos prontos, limitam-se ao que lhes é apresentado. O hábito de fazer pesquisas é pouco utilizado. Arredondo (2003) argumenta que haverá uma melhor garantia de êxito e futuro quando existir uma preparação mais adequada, tanto nos aspectos didáticos e organizacionais como em tecnologia, de todas as pessoas com alguma responsabilidade direta no desenvolvimento da Educação a Distância. Para este autor o investimento em recursos humanos é prioritário sendo necessárias: formação, preparação e capacitação para o desempenho de suas incumbências, evitando assim, improvisações e aplicações inadequadas na Educação a Distância.
Sob o ponto de vista teórico, Belloni (1999) aponta que na Educação a Distância a formação de professores deve organizar-se de forma que atenda a atualização em três áreas: pedagógica, didática e tecnológica. A dimensão pedagógica inclui, além das atividades de orientação, aconselhamento e tutoria, conhecimento dos processos de aprendizagem dentro da Psicologia, das ciências cognitivas e das ciências humanas para que possa ajudar no desenvolvimento de capacidades relacionadas com a pesquisa e a aprendizagem. A área didática envolve a formação específica e media a relação do homem com o conhecimento em determinado campo do saber com a necessidade de constante atualização. Por fim a tecnológica, que inclui a utilização adequada dos instrumentos tecnológicos disponíveis para a produção de materiais pedagógicos. Professores que possuam estas habilidades conseguirão desempenhar melhor seu papel evitando os improvisos.
Arredondo (2003) faz uma interessante observação ao dizer que o professor que atua na Educação a Distância coloca seu ponto de mira em um aluno invisível. Sabendo que o aluno existe em algum lugar o converte no epicentro da ação didática. Percebe-se que a Educação a Distância não é igual à educação presencial e deve ser moldada à sua realidade. Não se trata de substituir a sala de aula por um computador, televisão ou vídeo. Trata-se de uma reorganização estrutural que envolve: grade curricular, conteúdo programático, acompanhamento, avaliação, formas de ensinar e aprender e, principalmente, formação e capacitação do professor que irá atuar nesta modalidade de ensino.
O que deve ser pensado é que a tecnologia, apesar de estar disponível tanto no meio rural quanto urbano, possui limitações e possibilidades e para isso é imperativo uma nova atitude do professor. Belloni (1999, p.104) argumenta que as tecnologias podem contribuir para a Educação a Distância, desde que utilizadas de maneira adequada caso contrário forneceriam somente “revestimento moderno a um ensino antigo e inadequado”. Sendo assim, a tecnologia deve ser usada como um meio e não como um fim. O aluno estará motivado a dar continuidade ao seu aprendizado quando se sentir pertencendo ao grupo e pela maneira como o professor irá auxiliá-lo na construção de seu conhecimento. Este fato nos coloca que o papel do professor, ou tutor, além de fundamental é crucial para o sucesso e motivação dos alunos distantes (RODRIGUES, 2005).
O professor deve estimular o aluno a buscar o conhecimento, usar a criatividade, instigar a sua reflexão. Deve se colocar como articulador no processo de ensino orientando, esclarecendo dúvidas e identificando dificuldades sempre numa perspectiva de acompanhamento, onde o aluno é o construtor de sua aprendizagem. Esta perspectiva pressupõe capacitação específica onde o professor é mediador do processo de ensinar a aprender atuando diante de um novo tipo de estudante que deverá ser mais autônomo. Martins (2003) reforça esse pensamento pontuando a necessidade de uma mudança de perspectiva que enfatize o estudante como ser ativo rompendo com a visão que o professor ensina e o aluno aprende.
Diante desses argumentos nota-se que a postura, tanto do educador quanto do educando, deve ser cuidadosamente observada e, se necessário, repensada para que a Educação a Distância alcance seus objetivos.
Dominando Ferramentas
Acredita-se que um dos motivos da literatura carecer de estudos de experiências de formação do professor para que atue na Educação a Distância é porque a atividade docente, da teoria para a prática, não é automática. Existem situações, e isto qualquer professor tem consciência, que a teoria ajuda, mas não é suficiente. Seria uma visão reducionista e tecnicista demais. Não podemos pensar que a formação do professor pode ser feita por listas de procedimentos, mas é imprescindível que o educador conheça e saiba utilizar algumas ferramentas que estão disponíveis.
Muito já foi investido em hardware, conectividade e software especializados para Educação a Distância. Atualmente é fundamental investir em peopleware, isto é, investimento em recursos humanos onde professores e alunos sintam-se capazes de ensinar e aprender para que se possa desenvolver Educação a Distância de qualidade.
Na tentativa de desmistificar as ferramentas que podem ser utilizadas na Educação a Distância, será feita uma abordagem que não pretende ensinar como utilizá-las, mas mostrar quais as possibilidades que elas oferecem.
O material impresso, mesmo com as mais modernas tecnologias, continua importante. Como o próprio nome diz, trata-se de qualquer material que seja impresso e disponibilizado para que os alunos estudem. Este material deve estar associado a um serviço de apoio que dará ao aluno o suporte necessário para sanar suas dúvidas e buscar orientações.
O serviço de apoio pode ser feito de várias maneiras e entre elas está o correio eletrônico ou e-mail. O processo é simples e funciona como um endereçamento postal comum. Para utilizá-lo é necessário ter acesso à internet e a um provedor. É bastante confiável, pois só poderá ler as mensagens quem tiver a senha de acesso. O usuário dispõe de uma caixa postal eletrônica exclusiva na qual são armazenadas as mensagens recebidas e enviadas. Dentro da Educação a Distância é comum encontrar serviços internos de correio eletrônico, usados exclusivamente na esfera da instituição que oferece o curso.
Outra ferramenta é a lista de discussão. Possibilita que um grupo, unido por interesses semelhantes, comunique-se usando o correio eletrônico. O remetente envia uma única mensagem para determinado grupo de pessoas que a recebem individualmente. Desta maneira não se faz necessário enviar várias mensagens iguais. Basta uma direcionada ao grupo.
O fórum é muito parecido com a lista de discussão, pois possibilita o uso de mensagens de texto e anexar arquivos. Apesar dessas semelhanças as mensagens não são enviadas diretamente para o e-mail. Ficam armazenadas e os interessados devem buscá-las diretamente no grupo. Dentro de um fórum é possível arquivar pastas que separem os assuntos pelo interesse. Desta forma quando a pessoa quiser pesquisar sobre determinado assunto basta entrar na página do grupo e ir diretamente à pasta de seu interesse.
Existem algumas ferramentas bem semelhantes. Basicamente o que as diferencia é o aparelho utilizado, a capacidade de armazenamento e o custo da reprodução do material.
Os recursos da Internet permitem que se transmitam programas de rádio e televisão. São chamados de Rádio e TV Web. Para a melhoria da recepção é necessário que se utilize tecnologia streaming para que a informação chegue ao usuário sem atraso ou com o efeito de “congelamento”.
As ferramentas apresentadas até aqui são assíncronas, ou seja, aquelas onde a comunicação não é feita simultaneamente. Com as tecnologias disponíveis as possibilidades se ampliam cada vez mais fazendo com que as comunicações aconteçam em tempo real, assim denominadas comunicação síncrona.
Há pouco tempo os chamados chat ou bate-papo realizados por meio de computador eram apenas comunicação escrita. Atualmente é possível, também, ver, ouvir e falar com pessoas que estejam em qualquer lugar do mundo. Os mais populares são MSN, também conhecido por Messenger, IRC (Internet Relay Chat) e ICQ (I seek you). Promovem conversas interativas entre duas ou mais pessoas simultaneamente e possibilitam a transferência de arquivos. Normalmente nestes espaços as conversas, principalmente escritas, possuem informalidade total. Devido a essa informalidade alguns “dialetos” aparecem como: “naum vo sair agora (não vou sair agora)” “aki ta + trankilo (Aqui está mais tranqüilo)”. É um ambiente descontraído, mas muito útil para a Educação a Distância. É uma excelente ferramenta para quebrar o gelo entre professor e educando.
Por meio da Internet Phone ou Webphone ou Spky é possível à transmissão de voz pela Internet. A qualidade da transmissão depende da velocidade da conexão. Um software especial, um microfone e uma placa de som, praticamente, substituem o telefone convencional. Outras ferramentas são: a videoconferência que permite aos usuários a comunicação por meio de áudio e vídeo; a teleconferência normalmente utilizada para grupos maiores de pessoas e com isso evita-se o deslocamento reduzindo os custos com transporte; a teleconferência interativa que permite maior interatividade entre o professor e os estudantes.
O whiteboard é um compartilhamento de documento via Internet. É possível, mesmo que os usuários estejam geograficamente distantes, realizar trabalho cooperativo. O documento é exibido e editado na tela do computador. A inclusão de um texto ou gráfico por um dos participantes é propagada imediatamente para os demais participantes.
As possibilidades existentes são inúmeras e a cada momento aparecem novidades que nos fazem imaginar que estamos no futuro. Ao retroceder um pouco no tempo não é difícil lembrar que muitos de nós ficávamos tontos com o cheiro das lições de casa impressas em mimeógrafo a álcool, mas pelo menos não precisávamos fazer como nossos ancestrais que eram obrigados a copiar tudo do quadro negro. Nossos filhos, mesmo no ensino convencional, podem receber as lições por e-mail ou CD, já que ao chegar em casa basta abrir o arquivo, digitar as respostas e enviar ao professor.
Mesmo diante de tantas possibilidades continua cabendo ao professor a arte de seduzir seus alunos. Como mediador entre o saber e o aluno o professor da Educação a Distância deve conscientizar-se que ele é a ponte que faz essa união e, portanto, passa a ser a segurança para essa travessia.
Conclusão
As mudanças oportunizaram a passagem rápida do quadro negro para o mundo virtual e muitos não tiveram a oportunidade, e ainda não têm, de explorar todas as possibilidades tecnológicas. Atualmente conta-se com várias opções para organizar as aulas e torná-las cada vez mais interessantes, mas é fundamental que cada um encontre as ferramentas adequadas para que o processo ensino/aprendizagem, realizado a distância, consiga diminuir a distância que separa aluno e professor.
Na Educação a Distância cada aula depende de vários fatores como o número de alunos, as tecnologias disponíveis, o apoio da instituição e dentro desta realidade o professor deve encontrar o ponto de equilíbrio para que seus objetivos sejam alcançados. Conhecer os interesses, facilidades e dificuldades dos alunos facilitarão sua ação e com a utilização das ferramentas disponíveis a interação poderá ser plenamente praticada. Alegar que a Educação a Distância não proporciona contato entre os envolvidos é coisa do passado. Como foi visto, existe a possibilidade de interagir em tempo real com qualquer pessoa que esteja em qualquer lugar do mundo. Contato a distância é possível, mas para isso se faz necessária a mudança do paradigma que Educação a Distância é o mesmo que a distância da educação.
Não basta modernizar sem mexer na essência. Só é possível mudar quando as novas possibilidades de interagir forem aceitas, mesmo que virtualmente, de maneira inovadora e se propiciarem o aprender a aprender. Desta maneira será possível aprender a ensinar. As tendências apontam para uma educação ao longo da vida integrada aos locais de trabalho e às necessidades individuais. A Educação a Distância oferece a oportunidade de preencher esta lacuna, mas não se pode perder de vista os ideais humanistas de formação do cidadão crítico e criativo, capaz de pensar e de mudar o mundo (BELLONI, 1999).
A atitude de alunos e professores deve ser moldada para que a Educação a Distância seja efetuada. É imprescindível que as instituições que formam os educadores comecem a observar os novos caminhos da educação, pois a Educação a Distância veio para ficar e os novos pedagogos devem estar preparados para trabalharem neste ambiente. Ao inserir, nos currículos de formação de pedagogos, disciplinas que tratem da Educação a Distância evitar-se-á que esta seja liderada por profissionais que pouco entendem de educação, mas por serem detentores de conhecimentos tecnológicos estão à frente desta modalidade.
Grande parte dos coordenadores e professores de cursos a distância são da área de exatas, segundo Bello (2002), porque muitas vezes os educadores ignoram do que se trata e desconhecem o potencial tecnológico. Sendo assim, abrem mão do controle pedagógico desta nova prática e isto pode trazer uma deformidade relativa à filosofia da educação. Enviar apostilas e fazer teste de conhecimento ao final de cada módulo não é fazer educação. Existe a possibilidade de uma pedagogia dialogal e democrática mesmo em ambiente virtual.
Tendo em vista a obrigação tecnológica para que o aluno participe da Educação a Distância, fica explícita a necessidade da inclusão digital. Desta forma é necessário que existam políticas públicas para que todos os interessados tenham oportunidades iguais. Estas políticas podem ser efetuadas mediante facilidades em financiamentos para adquirir equipamentos ou até mesmo na disponibilização destes em locais de livre acesso. Que a Educação a Distância seja mais uma chance que ofereça equidade nas oportunidades, pois ela já é peça importante para se chegar mais rápido às necessidades do amanhã.